Título: Com queda nas exportações, produção industrial cairá mais de 4,5%, diz Ipea
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 24/04/2009, Economia, p. 19

Projeção é para 2009. Índice de confiança da indústria mantém-se baixo.

BRASÍLIA. A produção industrial brasileira pode encolher mais de 4,5% em 2009, se a queda nas exportações registrada no primeiro trimestre se repetir ao longo do ano, segundo o boletim ¿Radar: Produção, Tecnologia e Comércio Exterior¿, divulgado ontem pelo Ipea. E a confiança do empresariado industrial, apesar de leve melhora em relação a janeiro, manteve-se baixa (49,4 pontos) em abril, informou ontem a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulga o índice medido trimestralmente.

No artigo do boletim do Ipea ¿Impactos da queda nas exportações sobre a produção doméstica¿, os pesquisadores Fernanda De Negri, Gustavo Alvarenga e Carolina Santos mostram que, na média, a exportação industrial caiu 26% no primeiro trimestre de 2009, ante igual período de 2008. ¿Se ao longo do ano as exportações mantiverem esse ritmo de queda, seu impacto direto equivale a um recuo de mais de 4,5% na produção doméstica ao longo de 2009¿, dizem os pesquisadores.

O setor mais afetado foi o automotivo, que teve redução de 51% nas vendas para o exterior.

Em meio ao cenário sombrio, a confiança do empresariado industrial aumentou dois pontos em abril, em relação a janeiro, para 49,4 pontos, disse a CNI.

Ainda assim, o indicador ainda está abaixo dos 50 pontos, o que significa pessimismo por parte dos empresários. Na comparação com abril de 2008, a queda foi de 12,6 pontos. A falta de confiança foi verificada em 19 dos 27 setores da indústria.

Entre as pequenas empresas, o pessimismo aumentou. Houve recuo de 2,7 pontos em relação a janeiro, para 46,8, o pior resultado desde julho de 2002.

Mas as médias (48,8) e grandes empresas (51,8) registraram aumento na pontuação.

¿ As pequenas empresas são mais frágeis. Mas, na medida em que as grandes fiquem mais confiantes, e consequentemente produzam, comprem e invistam mais, o panorama também pode melhorar para as menores ¿ avaliou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.