Título: A doença evolui com rapidez e o contágio é muito forte
Autor: Gomes, Wagner; Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 27/04/2009, O Mundo, p. 19

A gripe suína se transformou no principal assunto do Congresso Panamericano de Infectologia realizado no fim de semana em Campos do Jordão (SP). Os médicos mudaram a agenda do evento e realizaram uma mesa específica para debater o assunto.

As principais conclusões são a necessidade de mudar o alerta do nível 3 para 4, numa escala que vai a 6, e de uma ação conjunta internacional. Do contrário, há o risco de uma epidemia em escala mundial, segundo o presidente da comissão científica do congresso, André Lomar, especialista em gripe do hospital Emílio Ribas. A convicção pessoal de Lomar é que o Brasil ainda não foi afetado pela doença, apesar do risco.

Ricardo Galhardo

O GLOBO: Quais as principais conclusões do congresso sobre a gripe suína?

ANDRÉ LOMAR: Durante toda a madrugada recebemos dados da Organização Panamericana de Saúde (Opas) para discutirmos no congresso. São 1.300 casos com 85 óbitos dos quais 20 já foram confirmados laboratorialmente no México. A Organização Mundial da Saúde anunciou um alerta nível 3 pois os focos estão limitados, não é incontrolável.

Mas achamos que já estamos no 4.

Qual a diferença? LOMAR: No estágio 4 há transmissões frequentes entre humanos. Existem vários casos documentados. Só falta o anúncio oficial. O estágio mais avançado é o 6, pandemia.

Os participantes vêem risco de uma pandemia? LOMAR: Sim. A doença evolui com rapidez e o contágio é muito forte.

É possível comparar com a gripe aviária? LOMAR: Não. O vírus da gripe aviária é diferente (H5N1). Os paralelos são a gripe espanhola, a gripe asiática de 1957 e a de Hong Kong em 1968.

Mas condições de combate melhoraram desde então. LOMAR: Sim. Mas também houve um grande aumento da população mundial e isso vai facilitar o contágio. O risco agora é maior do que na gripe aviária porque este vírus não é transmitido apenas por aves.

Quais medidas devem ser tomadas? LOMAR: Os planos de ação de cada país devem começar imediatamente. A OMS tem um plano de controle desde a gripe aviária. As medidas já existem.

E no Brasil? LOMAR: Pelo que soube o Brasil já age, nos aeroportos.

Isso é suficiente? LOMAR: Minha opinião pessoal é que a gripe ainda não chegou ao Brasil, apesar do risco.