Título: Oposição critica vazamento
Autor: Vaz, Lúcio
Fonte: Correio Braziliense, 27/03/2009, Política, p. 2

Adversários do Palácio afirmam que operação da PF em empreiteira tem conotação política e querem ter acesso aos documentos do inquérito. Senadores do DEM e do PSDB vão à tribuna rebater denúncia

´´Sempre que a ministra Dilma lança um programa importante para a sua candidatura, a Polícia federal promove uma ação espetacular que desvia o foco da mídia`` Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro-secretário do Senado Para a oposição, a Polícia Federal atirou no que ouviu nas escutas telefônicas, mas pode ter acertado no que não viu. ¿É muito estranha essa denúncia sobre doações ilegais aos partidos políticos feitas pela Polícia Federal. Sempre que a ministra Dilma lança um programa importante para a sua candidatura, a PF promove uma ação espetacular que desvia o foco da mídia. Desta vez, de tudo o que foi denunciado, grave mesmo é o superfaturamento das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco¿, afirma primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI). ¿A ação espalhafatosa da Polícia Federal parece fogo amigo¿, ironiza.

O líder do DEM, Agripino Maia (RN), e o tucano Flexa Ribeiro (PA), citados na denúncia, foram à tribuna do Senado para se explicar sobre as doações feitas aos respectivos partidos. A oposição entrará com recurso na Justiça de São Paulo para ter acesso às investigações da Polícia Federal, segundo as quais a empreiteira Camargo Corrêa teria desviado dinheiro de obras para partidos políticos. Quatro diretores da empresa teriam desviado verbas públicas, supostamente para abastecer contas no exterior e de campanhas políticas, beneficiando políticos do DEM, PSDB, PPS, PSB, PDT, PP e PMDB. Os partidos negam as acusações.

A Operação Castelo de Areia da Polícia Federal investiga licitações fraudulentas, obras públicas superfaturadas e remessa de valores desviados do Tesouro para paraísos fiscais, no valor de R$ 20 milhões, segundo a Procuradoria da República. Os partidos citados querem amplo acesso aos documentos apreendidos. ¿Vamos recorrer ao Supremo Tribunal Federal para nos assegurar amplo direito de defesa, conforme determina a Constituição¿, afirma Agripino Maia. Segundo ele, o envolvimento da oposição teria objetivo de desviar o foco das irregularidades na construção da refinaria em Abreu e Lima, Pernambuco, uma parceria da Petrobras com a PVDSA, companhia petrolífera estatal da Venezuela.

Doações Agripino Maia protestou da tribuna do Senado por ter sido citado na denúncia e entregou ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cópia de um recibo de doação no valor de R$ 300 mil feita pela construtora Camargo Corrêa ao diretório do seu partido no Rio Grande do Norte. Agripino refutou a acusação de que teria recebido financiamento ilegal de campanha e acusou a PF de ¿viés político¿ na divulgação de seu nome. Segundo ele, a doação foi feita de forma legal, em 15 de setembro de 2008, por meio de depósito na conta 10.989-4 da agência 0022-1. O recibo foi assinado pela tesoureira do DEM do Rio Grande do Norte, Maria de Fátima Lapenda Mesquita.

Sarney encaminhou os documentos ao corregedor-geral da Casa, senador Romeu Tuma (PTB-SP), que vai pedir esclarecimentos oficiais e requerer apuração do vazamento das denúncias. ¿Essa afirmação de que o Agripino recebeu uma doação ilegal foi feita de maneira cavilosa e com objetivo político¿, protestou Tuma. Os senadores Flávio Arns (PT-PR), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Eduardo Suplicy (PT-SP), Efraim Morais (DEM-PB), Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marco Maciel (DEM-PE) também criticaram a Polícia Federal.

Flexa Ribeiro deu esclarecimentos sobre uma doação da empreiteira Camargo Corrêa de R$ 200 mil para campanha eleitoral nas eleições municipais de 2008. Segundo ele, que preside o PSDB em seu estado, todas as doações de campanha ocorreram de acordo com a legislação eleitoral. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), solidário com o colega, fez duros ataques à Polícia Federal. ¿O vazamento de nomes de políticos de partidos adversários do governo acontece para esconder a verdadeira notícia: o desvio de recursos na construção de refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, com participação da Camargo Corrêa¿, afirmou.