Título: Gripe suína mata 61 no México e especialistas temem epidemia mundial
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Fonte: O Globo, 25/04/2009, O Mundo, p. 28

Variação inédita de vírus deixa mais de mil pessoas infectadas, sendo oito nos Estados Unidos. Diferentemente da infecção aviária, doença é transmitida entre pessoas

CIDADE DO MÉXICO. Um surto letal de uma variação da gripe suína nunca vista anteriormente se espalhou com rapidez alarmante pelo México nos últimos dias, deixando até 61 mortos no país e se alastrando também pelos Estados Unidos, onde oito pessoas se infectaram, embora tenham conseguido se recuperar.

A epidemia, que já poderia ter infectado até 1.004 pessoas no México, fez ontem o governo paralisar parte do país e ordenar milhões de pessoas a ficarem em casa.

Creches, escolas, teatros e bibliotecas foram fechados na capital do país, e todos os grandes eventos públicos foram suspensos.

Enquanto pessoas começaram a sair de máscara cirúrgica nas ruas, autoridades orientaram a população a evitar cumprimentos tradicionais como apertos de mãos e beijos no rosto.

A maior parte dos mortos tinha entre 25 e 45 anos.

Autoridades ainda têm poucas informações sobre a epidemia, detectada em pelo menos três focos e causada pelo vírus híbrido H1N1 ¿ uma combinação de um vírus aviário, um humano e dois suínos (um de origem europeia e outro asiático). ¿Esses acontecimentos são altamente preocupantes por serem casos humanos associados a um vírus de origem animal, pelos múltiplos focos de contaminação e pela pouco comum faixa etária dos grupos afetados¿, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Vírus é sensível ao Tamiflu, contra a gripe aviária A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que testes em 12 mexicanos mostraram a mesma estrutura genética encontrada nos oito infectados na Califórnia e no Texas. Especialistas ainda realizam testes para confirmar se 40 das mortes foram por H1N1.

Diferentemente da gripe aviária, o vírus, de origem suína, é disseminado apenas entre humanos.

O contágio é por contato físico, espirros ou tosses, e os sintomas, parecidos com o de uma virose comum: febre, tosse, dor de garganta, vômito e diarreia.

A OMS emitiu nível três de calamidade, numa escala até seis, e convocou um reunião de emergência com especialistas para cuidar do caso. A organização se disse apta para realizar um combate rápido ao vírus, que se mostrou sensível ao antirretroviral Tamiflu, da Roche, usado para tratar a gripe aviária. Já o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA disse ser tarde demais para controlar o surto, mas a Califórnia anunciou medidas para tentar impedir o surgimento de novos casos. O Peru também vai aumentar a vigilância sobre passageiros provenientes do México e dos EUA.

Não há casos da doença registrados no Brasil A ONU informou que ainda não há necessidade de fechar fronteiras ou desaconselhar o tráfego nas áreas atingidas. Não se sabe por que a doença se revela tão letal no México e não nos EUA.

O presidente do México, Felipe Calderón, se reuniu com seu Ministério para coordenar a reação.

O governo mexicano tem 500 mil vacinas e planeja administrá-las a trabalhadores do setor de saúde, o maior grupo de risco. O México dispõe de Tamiflu para 1 milhão de pessoas. Autoridades pediram à população que evite hospitais em casos não urgentes, pois esses locais são focos de infecção.

Em nota oficial, o Ministério da Saúde brasileiro informou que todas as secretarias estaduais de Saúde foram acionadas para ¿intensificar o processo de monitoramento e detecção oportuna de casos suspeitos de doenças respiratórias agudas¿.

Até o momento, não há casos confirmados do vírus no Brasil.

Além disso, o ministério alertou que tem, desde 2005, um plano de preparação de enfrentamento de pandemia de influenza. De acordo com o governo, reiterando posição da OMS, não há recomendação para evitar viagens a ¿ ou receber passageiros de ¿ regiões afetadas. Tampouco há indicação para uso de qualquer vacina como prevenção.

COLABOROU: Leila Suwwan