Título: No Cefet, salário de até R$9 mil para professores
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 29/04/2009, O País, p. 3

Mudança polêmica na carga horária prevista para 2010.

SÃO PAULO. A melhor escola pública de São Paulo no ranking do Enem é da rede federal: o Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo) obteve 73,38 pontos, ficando com a sétima posição no ranking paulista e a 37ª posição nacional, entre públicas e particulares. Os alunos do Cefet têm aulas com professores mais bem remunerados e qualificados, já que seus professores são os mesmos professores-doutores que trabalham nas pesquisas e na ala universitária da instituição, com salários que podem chegar a R$9 mil. O mínimo está entre R$2,5 mil e R$3 mil, segundo o diretor do Cefet, Chester Contatori.

O Cefet passará ano que vem por uma mudança que criou polêmica entre seus alunos: a partir de 2010, os estudantes só poderão frequentar a instituição se fizeram o chamado "integrado", cursando o ensino médio e profissionalizante (principalmente na área de engenharia), de quatro anos. A mudança deverá aumentar a carga horária:

- Não gostei nada disso. O ensino médio da federal é bom. Se fosse integrado antes, eu não teria feito o Cefet, porque curso línguas estrangeiras e não teria tempo para fazer um técnico - queixou-se Milena Carreira Moita, de 17 anos, média de 9,5 em todas as disciplinas, uma das melhores alunas do Cefet.

Milena quer cursar Relações Internacionais. Devido às boas notas, ela e o amigo Giuliano Magnelli, de 17 anos, ganharam duas bolsas integrais num cursinho pré-vestibular de São Paulo. Ele quer fazer Comunicação ou Administração. Para ingressar no Cefet, ambos enfrentaram um exame (vestibulinho), em que competiram 17 candidatos por vaga.

O reitor Arnaldo Augusto Ciquielo Borges explicou que a mudança para o ensino integrado é uma determinação federal, após o Cefet ter se transformado numa Ifes (Instituição Federal de Ensino Superior).

Escola estadual sofre com falta de professor

A escola estadual Mario Guilherme Notari, em Sorocaba, a 97 quilômetros da capital, ficou na última colocação entre as escolas de ensino médio regular. O vice-diretor, Benjamin Patia, atribuiu a péssima classificação ao pequeno número de alunos que se inscreveram no exame, 12 de 36 alunos, mas admitiu os problemas de falta de professores e infraestrutura.

- Os alunos também sofreram muito com a falta de professores e quase não tiveram aula de química e biologia. Vinha substituto, mas não dava o conteúdo necessário para a preparação do exame.

Segundo o vice-diretor, os alunos também faltam muito à escola, que fica em uma área periférica da cidade, com ruas sem asfalto e de difícil acesso em dias de chuva.