Título: Satiagraha: PF exclui Greenhalgh de indiciamento
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 29/04/2009, O País, p. 13

Advogado petista foi citado por Protógenes como lobista que praticou tráfico de influência em favor de Daniel Dantas

SÃO PAULO. Citado em relatórios do delegado Protógenes Queiroz sobre a Operação Satiagraha como lobista e autor de tráfico de influência, o advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) não consta da lista dos indiciados pelo delegado Ricardo Saadi, sucessor de Protógenes no comando da operação. Na prática, isso representa que a Polícia Federal não encontrou indícios de participação de Greenhalgh nos crimes investigados pela Satiagraha.

Em julho do ano passado, Protógenes chegou a pedir a prisão do petista, negada pelo juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto De Sanctis. Greenhalgh não quis se pronunciar sobre o caso ontem. Ele vai esperar a distribuição oficial do relatório final da operação à Justiça.

Até agora, PF indiciou 37 pessoas em dois inquéritos

Até ontem, 37 pessoas haviam sido indiciadas em dois inquéritos decorrentes da Satiagraha. O investidor Naji Nahas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e mais 22 envolvidos num esquema ilegal de doleiros foram indiciados por evasão de divisas, operar sem autorização de instituição financeira, falsidade ideológica, fraude na administração de sociedade anônima e formação de quadrilha, investigados no inquérito 12.234/08

O banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, sua irmã Verônica Dantas, o presidente do banco, Dorio Fermann, o gestor Itamar Benigno, o ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Bras, o sócio de Dantas Carlos Rodemburg, além dos funcionários Daniele Ninio, Artur Joaquim de Carvalho, Eduardo Penido, Norberto Thomas Rodrigo Andrade e Maria Amália Cutrim, foram indiciados por evasão de divisas, gestão fraudulenta de instituição financeira, lavagem de dinheiro, empréstimo vedado e formação de quadrilha no inquérito 12.235/08, que investiga crimes financeiros supostamente praticados pelo grupo de Dantas.

Segundo fontes com acesso às investigações, Greenhalgh não consta em nenhuma das duas listas. Isso não impede que a PF peça a abertura de uma investigação específica contra o ex-deputado ou que o Ministério Público Federal ofereça denúncia contra Greenhalgh. Mas a possibilidade é mínima, segundo essas fontes, devido à falta de provas contra o petista.

Para delegado, petista atuava em favor de Dantas

Ao incluir Greenhalgh na investigação, Protógenes levou a PF para a antessala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os relatórios do delegado incluíam conversas entre Greenhalgh e o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Em seus relatos, Protógenes sugeria que Gomes, como o petista era chamado pelos integrantes do grupo de Dantas, usaria sua influência no Planalto para obter informações sigilosas sobre a operação.

Protógenes sugeria que Greenhalgh fez lobby a favor de Dantas na compra da Brasil Telecom pela Oi, podendo se beneficiar de uma comissão de centenas de milhões de reais. Em sua defesa, Greenhalgh disse na época que atuava como advogado do Opportunity. Protógenes não foi encontrado ontem para comentar o fato.

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