Título: Para Lupi, já não há crise de empregos
Autor: D'Ercole, Ronaldo; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 02/05/2009, O País, p. 8

Ministro critica Embraer e indústria automobilística por demitirem empregados.

SÃO PAULO. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse ontem que os números do mercado de trabalho em abril serão melhores do que os de março. Mesmo ressaltando que ainda não dispõe dos dados sobre demissões e contratações no país em abril, Lupi afirmou estar seguro de que o resultado será suficiente para tornar positivo o saldo de empregos no ano. O ministro disse ter "absoluta segurança" de que o pior momento da crise para o mercado de trabalho já passou.

- Em janeiro, tivemos uma perda de 101 mil, mas já começamos a recuperar em fevereiro, com saldo positivo de nove mil postos. Em março, mais 35 mil. E agora, em abril, tenho certeza de que vamos passar, em 2009, a ter saldo positivo - disse Lupi, na festa do Dia do Trabalho organizada pela Força Sindical.

Para o ministro, contudo, há alguns setores tirando proveito da crise de forma oportunista:

- Não adianta alguns quererem se aproveitar da crise para ganhar dinheiro. Acho que o Brasil está cansado de esperto.

Lupi citou a indústria automobilística, que, segundo ele, teria se precipitado ao demitir pessoal no início da crise. E também a Embraer:

- (A Embraer) já está vendendo mais aviões. Há essa nova empresa aérea (Azul); venderam para a Colômbia, para a Venezuela. Para que a precipitação de demitir trabalhador? Isso só agrava a crise.

O saldo de empregos no primeiro trimestre do ano é negativo em pouco mais de 57 mil vagas. Para que a previsão do ministro se confirme, portanto, os números de abril do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) devem superar essa cifra em geração líquida de novos postos de trabalho.

Lupi justificou o otimismo lembrando que, desde 2003, o salário mínimo já subiu mais de 60% em termos reais, o que garante um mercado interno com demanda aquecida. Além disso, segundo ele, o governo tem enfrentado a crise com medidas concretas de auxílio aos setores mais afetados.

Frigoríficos podem ter incentivo federal

Lupi confirmou que o governo analisa novas medidas de incentivo a setores da economia com maior dificuldade de reagir, como os frigoríficos de carne bovina e do frango.

- O governo já liberou mais de R$10 bilhões para o agronegócio, principalmente para o setor de frigoríficos. O BNDES, que administra mais de R$30 bilhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), também já finalizando estudos para o setor. Temos agido sempre com a contrapartida da garantia do emprego. Agora temos que avaliar o resultado prático desses investimentos.

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), possível candidato à Presidência, também participou da festa da Força.