Título: Brasil volta a depender mais do gás boliviano
Autor:
Fonte: O Globo, 02/05/2009, Economia, p. 19

Poucas chuvas fazem país acionar térmicas e elevar importação.

Apesar da maior oferta interna de gás natural, o Brasil voltará a depender mais do gás boliviano. O país vai importar da Bolívia sua cota máxima de 30 milhões de metros cúbicos diários do produto, informou ontem a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria da Graça Foster. Essa cota será preenchida de forma progressiva nos próximos dez a 15 dias para atender à demanda das usinas térmicas, previstas para serem acionadas no primeiro minuto de hoje para reforçar a oferta de energia.

Segundo Graça, a escassez de chuvas na região Sul do país - onde os reservatórios das usinas hidrelétricas estão a 40% da capacidade - levou ao acionamento das térmicas. A determinação partiu do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pelo controle da geração e transmissão de energia no país.

- As térmicas vão entrar pesado - disse a diretora, ao chegar ontem para a solenidade que comemorou a extração do primeiro óleo do pré-sal da Bacia de Santos. - As usinas do Sul e Sudeste serão acionadas para abastecer o Sul, que está seco. O consumo de gás natural por usinas vai subir, desta forma, de seis milhões para 20 milhões de metros cúbicos por dia.

O Brasil tem atualmente uma oferta excedente de 6,4 milhões de metros cúbicos de gás, inferior aos 14 milhões que serão necessários para acionar as usinas. Por isso, o país aumentará a importação do gás boliviano, atualmente em 23,5 milhões de metros cúbicos por dia, pelo Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol).

Segundo Graça, o mercado brasileiro consome hoje 29,6 milhões de metros cúbicos de gás não-térmico (maior parte consumo domiciliar e de indústrias) e seis milhões de metros cúbicos térmicos. Com a entrada em operação das usinas, o volume total subirá para cerca de 50 milhões de metros cúbicos diários, disse ela.

Petrobras quer entrar em leilões de energia eólica

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que também participou da cerimônia ontem, na Marina da Glória, no Rio, disse que a escassez de chuvas ocorreu principalmente no Rio Grande do Sul.

- Está chovendo pouco principalmente no Rio Grande do Sul. Em função disso, vamos ligar algumas térmicas para preservar os reservatórios - afirmou o ministro.

Considerada uma fonte mais cara e poluente, a energia termelétrica costuma ser acionada quando a confiabilidade do sistema fica abaixo de um percentual mínimo estabelecido pelo ONS, que varia de acordo com a região e época do ano.

Foster acrescentou ainda que a Petrobras pretende entrar já neste ano em leilões para venda de energia eólica (gerada a partir do vento). A estatal estuda há dois anos locais com potencial para instalação das unidades, mas preferiu não detalhar locais, metas de instalação e valores.