Título: Lobão admite ampliar prazo para Paraguai
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Fonte: O Globo, 02/05/2009, Economia, p. 19

Governo estuda estender de 2023 para até 2040 limite para país vizinho pagar dívida da hidrelétrica de Itaipu.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitiu ontem que o governo brasileiro estuda ampliar o prazo para que o Paraguai pague sua dívida referente à construção da usina hidrelétrica de Itaipu, que vencerá em 2023. O Brasil financiou boa parte das obras da usina, que custou cerca de US$ 27 bilhões. O Paraguai paga esse passivo com a venda de uma parcela da energia da usina ao Brasil, o que poderá ser estendido para até 2040, informou o ministro.

Pelo contrato, os dois países têm direito à metade da energia gerada pela usina hidrelétrica, que tem capacidade instalada de 14 mil megawatts (MW). Mas, como o consumo brasileiro é maior que o paraguaio, o Brasil compra do país vizinho uma parcela do volume não consumido.

- A antecipação precisaria mexer no modelo e, talvez, no contrato com o Paraguai. A dívida estará totalmente paga em 2023 e, o que se pode fazer, hipoteticamente, é reduzir as prestações de pagamento e ampliar o prazo de resgate dessa dívida para 2030, 2040 - disse o ministro a jornalistas, antes da cerimônia de comemoração pela extração do primeiro óleo do campo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos.

Lobão afirmou ainda que o governo busca alternativas para a demanda do Paraguai, que cobra do Brasil uma melhor remuneração para a energia vendida ao país. Ele disse, entretanto, que todas as propostas feitas até agora pelo país vizinho não são plausíveis.

- O presidente gostaria de fazer alguma coisa que poderia atender às reivindicações do presidente do Paraguai. As (que foram) postas na mesa até agora não são justas - disse o ministro.

Em janeiro deste ano, o Brasil ofereceu duplicar o pagamento adicional pela energia cedida pelo Paraguai, de US$105 milhões para US$215 milhões, valor que foi recusado pelo país vizinho.

- Eles reclamam que o Brasil é devedor, e não é. Eles dizem que pagamos pela energia US$2,80, e nós garantimos que pagamos US$45. Mas em se tratar de um país amigo podemos ajudar o Paraguai - afirmou Lobão.

O assunto deve ser tratado pelo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, em visita oficial ao Brasil entre 7 e 8 de maio. A discussão dura meses e foi intensificada em 2008, com as eleições no Paraguai.