Título: Senado suspende contrato com Cruzeiro do Sul
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 01/05/2009, O País, p. 9

Senadores também usaram a cota de passagens aéreas em viagens internacionais com a família e os amigos

BRASÍLIA. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou ontem a suspensão das operações de crédito consignado de funcionários da Casa com o Banco Cruzeiro do Sul. A determinação se manterá até a conclusão das investigações sobre suposto esquema de desvio de recursos do Senado, que seria chefiado pelo ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. Sarney formalizou o pedido de abertura de inquérito para apurar as implicações criminais da denúncia, além de sindicâncias administrativa e a ser feita pela Corregedoria da Casa.

Segundo denúncia da revista "Época", Zoghbi criou empresas de fachada, registradas em nome de sua ex-babá, para receber quase R$3 milhões em suposta propina do Banco Cruzeiro do Sul. Entre elas, a Contact Assessoria de Crédito, que intermediou os contratos com o banco. Segundo a revista, Zoghbi usou o nome de Maria Izabel Gomes, que foi sua babá e ama de leite, para embolsar o dinheiro, em 2007. À época, ele era diretor de Recursos Humanos.

Por meio de sua assessoria, o Banco Cruzeiro do Sul avisou que não se pronunciaria sobre a decisão do Senado "até que sejam concluídas as apurações da sindicância administrativa". No dia 27, logo depois que a denúncia foi publicada, o banco descredenciou a empresa Contact Assessoria de Crédito.

Segundo assessores do Senado, a polícia da Casa fará o inquérito e, se for preciso, poderá requisitar ajuda da Polícia Federal. O inquérito é necessário porque há indícios de crime e não só desvios administrativos.

Em reportagem divulgada ontem, o site Congresso em Foco mostrou que quatro senadores usaram a cota de passagens aéreas entre junho de 2007 e janeiro deste ano em viagens internacionais para Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). Segundo o site, as passagens beneficiaram parentes e pessoas que não trabalham para os senadores.

Os voos saíram da cota de Álvaro Dias (PSDB-PR), Geraldo Mesquita (PMDB-AC), Paulo Paim (PT-RS) e Osmar Dias (PDT-PR). Ao site, os senadores afirmaram agir dentro da legalidade e que não devolverão o dinheiro.