Título: Após denúncia, deputado deixa Conselho de Ética
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 01/05/2009, O País, p. 9

Dagoberto Nogueira usou cota 40 vezes para ir ao exterior.

BRASÍLIA. Deputado campeão em viagens internacionais com a cota de passagens da Câmara, Dagoberto Nogueira (PDT-MS) renunciou ontem à vaga que ocupava no Conselho de Ética da Casa. O parlamentar era titular desse colegiado e foi substituído por Sérgio Brito (PDT-BA), seu suplente.

Dagoberto Nogueira alegou que seu desligamento do Conselho de Ética não tem qualquer relação com a denúncia de que pagou para familiares 40 voos para Paris, Milão e Nova York, entre outros trechos, usando recursos públicos.

O deputado afirmou ontem que não se sentiu constrangido em ser um integrante Conselho de Ética e aparecer como principal usuário da farra de passagens internacionais. Ele contou que renunciou bem antes - "uns 30, 40 dias atrás" - de a denúncia do site Congresso em Foco ser divulgada.

Na verdade, Dagoberto protocolou a renúncia na Secretaria Geral da Mesa da Câmara no último dia 15 de abril, exatamente às 11h28m, apenas cinco dias antes da revelação de que, na Câmara, é insuperável em voos para o exterior.

- Não saí por causa desse episódio, não, até porque não fiz nada de errado. Saí para atender um apelo do Sérgio Brito, que perdeu a eleição para a Mesa da Câmara e ficou sem nada. Foi uma questão de acomodar um colega do partido - justificou Dagoberto.

Deputado que ficou a vaga contesta versão do ex-titular

O deputado Sérgio Brito, no entanto, contou versão diferente sobre o afastamento de Dagoberto do Conselho e afirmou que a decisão de sair foi uma iniciativa dele.

Dagoberto e Brito estão no conselho há dois anos, respectivamente como titular e suplente do órgão.

- Depois que ele decidiu sair, há poucos dias, é que pedi ao meu líder para eu virar titular e que não fosse indicado outra pessoa. Afinal, estou lá como suplente há mais de dois anos. É justo - afirmou Sérgio Brito.

Nos registros das empresas aéreas, Dagoberto utilizou a cota para 40 viagens internacionais. Ele mesmo viajou 22 vezes com a mulher, Verônica Nogueira, e a filha, Mariana Nogueira. O custo dessas viagens foi de R$92,6 mil, distribuídos em gastos com passagens (R$56,9 mil) e pagamento de taxas de aeroportos (R$35,6 mil).

Nesta semana, a Câmara proibiu o uso da cota de passagens aéreas para viagens ao exterior. A Mesa Diretora também limitou a utilização dos bilhetes ao parlamentar e a seus assessores, quando houver justificativa. Foram abolidas as cotas extras de passagens para líderes e integrantes da Mesa Diretora da Casa.