Título: Sob críticas
Autor: Abos, Marcia
Fonte: O Globo, 01/05/2009, O País, p. 11

Unesco questiona percentual fixo nacional

BRASÍLIA. A criação de cota de 10% para deficientes em universidades e escolas públicas de ensino médio é criticada por especialistas na área de educação. Anteontem, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou projeto nesse sentido, em caráter terminativo. Se nenhum deputado requerer votação em plenário, a proposta seguirá para o Senado.

O consultor no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Célio da Cunha, é favorável à criação de mecanismos para facilitar o acesso de deficientes ao ensino superior, mas discorda da fixação de um percentual único para todo o país.

- O princípio é válido. A única coisa em que coloco um ponto de interrogação é estabelecer um percentual de 10%. Em alguns casos, pode ser um número até exagerado e, em outros, insuficiente. O melhor seria deixar cada universidade decidir como fazer isso - disse Cunha.

A aprovação na Câmara do percentual de 10% surpreendeu o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Amaro Lins. O projeto original previa 5%.

- Não estou a par dos detalhes, mas 10% das vagas não é razoável. A universidade, você acessa por mérito. Qual é o impacto de o aluno ser deficiente e onde isso prejudica o acesso dele à universidade? - questionou Lins.