Título: Febre só de emprego, diz presidente
Autor: Ordoñez, Ramona; Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 01/05/2009, Economia, p. 21

Demissões no dia da entrega do crachá de número 30 mil causam polêmica.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a gripe suína para fazer nova metáfora sobre a economia brasileira. Ao falar sobre as medidas que o governo está adotando para evitar o contágio da doença no Brasil, disse que prefere que desembarquem no país outros tipos de febre.

- Febre de crescimento da economia, febre de geração de emprego e febre de distribuição de renda. São essas as três febres que quero que cheguem ao Brasil logo - afirmou o presidente, lembrando que a crise econômica atual não começou num país pobre e que o Brasil sairá dela mais forte.

A declaração veio logo após a entrega do crachá de número 30 mil ao operário Rafael Pereira, da ThyssenKrupp CSA Siderúrgica do Atlântico, que está sendo construída em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. No discurso, Lula disse que foi o primeiro evento em homenagem ao Dia do Trabalho que passou numa fábrica:

- Desde 1969, portanto há 40 anos, a minha vida era participar de 1º de Maio xingando alguém, falando mal de alguém ou falando mal dos governos. Como hoje eu sou governo, eu não vou falar mal de mim.

Um pouco antes, o governador do Rio, Sérgio Cabral, criticou a demissão de cerca de mil operários do canteiro de obras por uma empresa terceirizada.

- Trabalhadores, fiquem certos de que ninguém aqui vai ficar desempregado. Mesmo aqueles que eu sei que não estão aí, que foram vítimas de uma empresa sem vergonha, que mandou embora alguns empregados, serão recontratados aqui nesse empreendimento - disse.

Cabral considerou proposital o início de cerca de mil demissões no dia da visita de Lula. A MPE, responsável pela termelétrica da siderúrgica, foi a empresa que demitiu os funcionários. Segundo Marco Aurélio da Cunha Pinto, presidente da MPE Montagem, o contrato da Alstom, que cuidava da obra da usina, estava sendo renegociado:

- Há 15 dias, resolveram romper o contrato. Estamos mantendo os trabalhadores parados à espera da realocação. Conseguimos transferir 250 para outras obras, mas não houve manifestação nem da Alstom nem da CSA sobre a absorção dos operários. O governador falou sem conhecimento.

A Alstom, por nota, disse que o contrato "teve de ser encerrado antecipadamente e que ainda não houve acordo amigável, mas há prazo para tanto".

As obras da ThyssenKrupp CSA, maior siderúrgica da América do Sul, tiveram o cronograma adiado duas vezes. O início da produção estava previsto para março deste ano, passou para o fim deste ano e agora a previsão é para 2010.