Título: Ministério Público abre investigação contra Zoghbi, ex-diretor do Senado
Autor: Franco, Bernardo Mello; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 05/05/2009, O País, p. 4

Denúncia é a de que banco teria pago propina para fechar contrato com a Casa

BRASÍLIA. Alvo de sindicância no Senado, o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi entrou na mira do Ministério Público Federal. A Procuradoria da República em Brasília abriu ontem uma investigação criminal para apurar a suspeita de que ele teria recebido propina de R$2,3 milhões do Banco Cruzeiro do Sul.

Segundo a revista "Época", o dinheiro teria sido entregue para que Zoghbi facilitasse a renovação de um contrato com o banco para oferecer crédito consignado a servidores do Senado. Zoghbi já era investigado pelo MPF por ceder um apartamento funcional a um filho sem vínculos com a Casa.

A investigação será comandada pelo procurador Gustavo Pessanha Velloso, que pedirá mais informações sobre contratos intermediados por Zoghbi no período em que era considerado o segundo servidor mais poderoso da Casa. Segundo "Época", Zoghbi teria usado como laranja sua ex-babá Maria Izabel Gomes, de 83 anos, para abrir empresas de fachada que receberam repasses do Cruzeiro do Sul. O banco nega irregularidades e atribui os pagamentos a serviços de consultoria.

O MPF poderá ampliar a investigação a outros dirigentes do Senado, como o ex-diretor-geral Agaciel Maia. À "Época", Zoghbi e sua mulher, Denise, acusaram o ex-chefe de ser o "dono do Senado" e de lucrar com a contratação de empresas terceirizadas. Segundo o casal, Agaciel usa irmãos como laranjas para receber verba da Casa.

No Senado, a Polícia Legislativa abrirá só uma ocorrência para apurar as acusações de Zoghbi e Denise contra Agaciel e os senadores Efraim Morais (DEM-PB) e Romeu Tuma (PTB-SP). Segundo o diretor da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo Araújo, só haverá inquérito se o casal provar as acusações.

- Fica muito fácil acusar agora senadores com os quais o ex-diretor conviveu durante anos sem apresentar qualquer denúncia - observou Heráclito Fortes (DEM-PI), 1º secretário.

- As denúncias, no meu entendimento, são muito vagas. Estamos apurando se elas são pertinentes - emendou o diretor-geral, Alexandre Gazzineo.

Tuma não deu importância às suspeitas lançadas sobre sua gestão na 1ª Secretaria. Mas busca dados a ação de Zoghbi na renovação do contrato com o Cruzeiro do Sul.

- Semana passada, quando o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que era melhor mandar o assunto para o Ministério Público, o presidente Sarney determinou que eu tomasse essa providência. Vou fazer um dossiê para enviar ao Ministério Público - disse Tuma.