Título: EUA querem intervir
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Fonte: Correio Braziliense, 27/03/2009, Economia, p. 13

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, apresentou ontem ao Congresso o projeto de lei de reforma na regulamentação do sistema financeiro, que prevê o endurecimento das normas existentes e autoriza as agências reguladoras do governo a intervir e liquidar instituições financeiras não bancárias, como seguradoras e fundos de investimento de alto risco (hedge funds). ¿Essa reforma deve ser concluída para evitar que se repitam os fracassos do passado, que levaram à atual crise¿, disse Geithner ao entregar a proposta ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara de Deputados.

O plano prevê a criação de uma entidade única, que supervisionará as maiores empresas financeiras não bancárias cuja falência pode causar uma quebradeira em série nos EUA e em todo o mundo. O Tesouro também considera necessário aumentar a previsão de capital próprio das instituições e as exigências de controle de risco nos empréstimos e demais operações. Os hedge funds deverão se registrar junto às autoridades que supervisionam as bolsas de valores e comunicar seus balanços regularmente, sob condição de que eles se mantenham em sigilo.

Geithner propõe ainda que o governo regule o mercado de produtos derivativos de crédito, como os que causaram a quebra da seguradora AIG. A companhia recebeu US$ 180 bilhões de ajuda do governo e, mesmo assim, registrou um prejuízo de US$ 99,3 bilhões no ano passado, o maior da história corporativa dos EUA. A situação da AIG, que já cedeu 80% do controle ao Tesouro, foi a inspiração para a correção de rumos tentada agora. Uma das intenções do projeto é proteger os consumidores e seus investimentos, evitando uma nova bolha.

Ontem, o Departamento de Comércio anunciou a revisão do resultado da economia dos EUA. Antes, a queda no último trimestre de 2008 havia sido calculada em 6,2%. Agora, passou para 6,3%. Essa é a mais forte contração da economia americana desde o último trimestre de 1982. A queda dos lucros das empresas foi a maior em 55 anos. O desempenho foi ruim, mas melhor que a expectativa dos analistas de mercado, que era em torno de 6,7%. No ano passado, o crescimento do país foi de 1,1%, o menor desde 2001. (Da Redação)