Título: Atingidos pelas enchentes já chegam a 700 mil
Autor: Ribeiro, Efrém; Garrone, Raimundo
Fonte: O Globo, 06/05/2009, O País, p. 11

Após sobrevoar Maranhão e Piauí, Lula promete ajudar na reconstrução, mas não anuncia liberação de verbas.

TERESINA e SÃO LUÍS. Já chegam a quase 700 mil as pessoas afetadas pelas enchentes em quatro estados do Nordeste ¿ Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia ¿ e dois da Região Norte ¿ Pará e Amazonas. A situação mais grave ocorre no Maranhão, onde há 43 municípios em situação de emergência, e o número de mortos em decorrência das chuvas subiu para oito. Seis rodovias federais estão interditadas, isolando o Maranhão do resto do país.

No Piauí, cerca de dez mil famílias estão desabrigadas, em 40 municípios. A capital, Teresina, continua debaixo d¿água. O governador Wellington Dias (PT) determinou a suspensão, por 72 horas, das aulas em todas as escolas da rede pública estadual de ensino nas cidades atingidas.

Mais de 26 mil pessoas foram desalojadas no Ceará em um mês de chuva, com sete mortes.

Na Bahia, só ontem morreram três pessoas soterradas.

¿A prioridade é tirar as pessoas das áreas de risco¿ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoou ontem, de helicóptero, as cidades mais atingidas pelas enchentes no Maranhão e no Piauí. Prometeu ajudar no socorro às vítimas e na reconstrução dos dois estados, mas não anunciou a liberação imediata de verbas. Lula reclamou da falta de projetos para obras estruturantes contra as enchentes nos dois estados e avisou que, sem esses projetos, não é possível liberar verbas.

¿ A prioridade zero é tirar as pessoas das áreas de risco e cuidar da saúde e da alimentação.

A quarta prioridade é cuidar para que as crianças não percam muitos dias de aula ¿ disse Lula, em Teresina, onde criticou os administradores públicos que permitem moradias em áreas de risco, e afirmou que é preciso retirar os moradores de lugares onde ocorrem enchentes com frequência.

¿ Nós sabemos onde enche d¿água. O que é preciso é aproveitar essa enchente, pegar os lugares onde a água atingiu mais forte e tirar aquelas casas de lá. Mas não podemos tirar sem apresentar (a casa) nova, porque as pessoas ficam desconfiando.

É preciso trabalhar com certa urgência. O que vai facilitar a liberação de recurso não é a emergência, é o projeto ¿ disse o presidente.

Wellington Dias pediu menos burocracia para a liberação de verbas para reconstrução de casas e estradas e reivindicou quatro mil moradias para as famílias que perderam suas residências.

Lula pediu que, em uma semana, Dias envie a Brasília um projeto com os prejuízos e os recursos que devem ser liberados. No Maranhão, Lula se reuniu com a governadora Roseana Sarney (PMDB) e prefeitos dos municípios alagados e pediu a união de todos, independente de partido, para reconstruir o estado: ¿ Eu vi um estado praticamente alagado. Então, vamos deixar a política partidária de lado e reconstruir o Maranhão. As eleições só vão acontecer em 2010 e as eleições para prefeito, só em 2012. Se trabalharmos juntos, governo federal, estadual e municípios, vamos reconstruir o que foi destruído.

O presidente também pediu aos prefeitos e à governadora que elaborem seus projetos: ¿ Se os governos federal e estadual tiverem muito dinheiro, mas não aparecerem projetos consistentes, esse dinheiro não vale nada ¿ advertiu.