Título: Manufaturados: Brasil perderá espaço
Autor: Beck, Martha; Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 06/05/2009, Economia, p. 19

Segundo estudo, fatia do país no comércio global cairia para menos de 0,9%.

SÃO PAULO. No dia em que o IBGE divulgou a maior queda trimestral na produção industrial brasileira em quase 20 anos, um estudo mostra que as crônicas deficiências na área de infraestrutura, o sistema tributário oneroso ao setor produtivo e níveis insuficientes de investimentos em pesquisa e desenvolvimento levarão o país a perder participação no comércio internacional de bens manufaturados nos próximos anos. Elaborado pela Ernst & Young em parceria com a FGV Projetos, o estudo, intitulado ¿Brasil sustentável Horizontes da competitividade industrial até 2030¿, estima que as exportações de manufaturados brasileiros devem crescer a taxas anuais de 1,8% nas próximas duas décadas, abaixo da expansão média do comércio global desses produtos, de 3,7%.

Com isso, a participação brasileira nas vendas globais desses itens, hoje de 1,1 %, recuaria para menos de 0,9%. O país chegaria em 2030 exportando US$ 182,6 bilhões em manufaturados, para um comércio total de US$ 19,6 trilhões desses itens.

O cenário usado para essas projeções considera que a economia brasileira crescerá a uma taxa média anual de 4%, e o consumo das famílias no país, a 3,8%.

¿ O Brasil deve se consolidar como um grande exportador de produtos básicos e semimanufaturados ¿ disse Fernando Garcia, professor da FGV Projetos e coordenador do estudo.

Mesmo numa perspectiva mais favorável, com o PIB crescendo a 4,6% e o consumo interno avançando a 4% anuais, as exportações de manufaturados avançariam a uma taxa de 2,7%, ainda abaixo da expansão do comércio mundial desses produtos, de 3,7%.