Título: Depoimento do casal Zoghbi no Senado foi uma farsa, diz tucano
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Fonte: O Globo, 08/05/2009, O País, p. 3

Animado com recuo nas denúncias, Agaciel Maia volta a circular pela Casa.

BRASÍLIA. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), classificou como farsa o depoimento do ex-diretor de Recursos Humanos da Casa João Carlos Zoghbi e de sua mulher, Denise, à Polícia do Senado. Os dois depuseram na noite de quarta-feira, por mais de quatro horas, e recuaram das denúncias feitas à revista ¿Época¿ acusando o ex-diretor geral do Senado Agaciel Maia de comandar fraudes em licitações com a conivência dos senadores Efraim Morais (DEM-PB) e Romeu Tuma (PTB-SP).

Virgílio criticou a ausência de um representante do Ministério Público Federal para acompanhar o depoimento.

E questionou o fato de a Polícia Legislativa não ter abordado Zoghbi sobre as denúncias de que ele teria usado sua ex-babá, de 83 anos, como laranja em três empresas para receber comissões indevidas de bancos conveniados com o Senado para dar crédito consignado a servidores.

¿ Foi uma farsa. Você coloca chefiados para ouvirem o chefe, e eles não fazem as perguntas que têm de ser feitas. É maldade com a Polícia do Senado, que está pronta para enfrentar badernas do MST, mas não para investigar os generais da Casa.

Quatro senadores concordaram com o tucano: Pedro Simon (PMDBRS), Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Mão Santa (PMDB-PI), que presidia a sessão.

¿ Em qualquer delegacia, na hora de ouvir marido e mulher, a gente ouve separado. Ouve um, depois outro.

Foi um erro que praticamente anulou o depoimento ¿ atacou Simon.

O advogado dos Zoghbi, Antonio Carlos de Almeida Castro, rebateu: ¿ O depoimento não foi uma farsa.

Não se pode questionar a isenção da Polícia do Senado.

A Polícia do Senado esclareceu que os depoimentos foram colhidos separadamente. Animado com o recuo dos Zoghbi, Agaciel Maia voltou a circular pelo Senado, distribuindo sorrisos e cumprimentos.

No rastro do debate contra o exercício do mandato por senadores suplentes ¿ que exercem o mandato sem receber um voto sequer ¿, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) aprovou projeto que proíbe tal prática no caso das eleições proporcionais (deputados e vereadores).

Segundo o projeto, que seguirá para o plenário da Casa, nenhum deputado federal, estadual ou vereador assumirá um mandato caso não tenha recebido voto.