Título: Jobim: demissões na Infraero vão continuar
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 08/05/2009, O País, p. 5

Estatal prepara também Plano de Demissão Voluntária e reestruturação de cargos e salários.

RIO e BRASÍLIA.A reação de peemedebistas contra demissões na Infraero não será suficiente para barrar a reestruturação da empresa, disse ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Para uma platéia de militares, entre eles os comandantes das três Forças, Jobim afirmou que ¿deverá ter mais¿ demissões.

Disse que não vê crise com o PMDB e que as mudanças contaram com a anuência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

¿ Eu demonstrei ao presidente: aquilo (as demissões) é decorrente da execução de medida tomada levando em conta o estatuto da empresa. Demonstrei isso ao presidente, que disse: ¿Ah, tá bom¿. Não vejo isso como uma crise. O que temos é um compromisso do Ministério da Defesa de profissionalização completa do sistema de defesa ¿ disse o ministro, depois de palestra sobre o Plano Nacional de Defesa, no Clube Militar, no Centro do Rio.

Jobim, que é do PMDB, disse que acompanhou ¿manifestações de alguns integrantes do PMDB¿, mas afirmou que a decisão é irreversível: ¿ Eu recebi manifestações de alguns integrantes do PMDB. O problema é que estamos caminhando para a profissionalização da Infraero. É um processo longo de modernização, para que a Infraero responda às necessidades internacionais e de desenvolvimento do tráfego aéreo no Brasil. A infraestrutura aeroportuária brasileira precisa responder a tudo isso, precisa ter fôlego, ser uma empresa competitiva ¿ disse, afirmando não ver risco à manutenção da aliança PMDB-PT em 2010.

¿ 2010 é 2010. Vai passar muito por questões regionais. E eu sou mero ministro do governo, que vai sair em dado momento e não volta mais à política.

Minha mulher não deixa.

Além das demissões de apadrinhados políticos na Infraero, a estatal prepara desde janeiro dois programas de reestruturação interna, com vistas à profissionalização dos quadros e eventual abertura de capital da empresa. A nova diretoria vai implementar o primeiro Plano de Cargos e Salários (PCS), uma reivindicação antiga, juntamente com um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para funcionários com mais de 45 anos de idade (ou 10 de casa). São esperadas 1.200 adesões, a um custo estimado de R$ 171 milhões.

O PDV começou a ser elaborado na virada do ano, quando assumiu a presidência da Infraero o brigadeiro Cleonilson Nicácio Silva. A Infraero já exonerou 25 cargos comissionados, entre eles parentes ou apadrinhados de governistas.