Título: Tendência é aumentar
Autor: Alencastro, Catarina; Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 08/05/2009, O Mundo, p. 24

A virologista Marilda Mendonça Siqueira, que integra a Comissão para o Desenvolvimento dos Planos de Contingência Nacional para Influenza da OMS, é também a chefe do laboratório de gripe da Fiocruz. Ela foi a responsável por dois dos diagnósticos divulgados ontem.

O GLOBO: Segundo alguns especialistas, o país não estava preparado e demorou muito para fazer o diagnóstico. Qual é a sua análise?

MARILDA MENDONÇA SIQUEIRA: Não concordo, nós estávamos fazendo diagnóstico por exclusão e confirmamos com o novo kit. O Adolfo Lutz recebeu o kit ontem (anteontem) e eu hoje (ontem) de manhã, e à noite o Brasil inteiro tinha o resultado. E os pacientes foram totalmente monitorados como se fossem positivos. O esforço está sendo enorme, todos trabalhando até tarde, discutindo casos e estratégias.

O número de casos pode ser maior?

MARILDA: Sim, nós estamos recebendo nos últimos dias umas dez amostras por dia. Acho que há uma tendência a aumentar porque provavelmente vamos receber mais casos de outros países e podemos ter transmissão dentro do país. É o padrão do vírus de transmissão via respiratória.

O Rio está preparado para tratar eventuais novos casos que surjam? Os hospitais de referência têm quartos com isolamento respiratório, filtros especiais e máscaras específicas? Há risco de disseminação intra-hospitalar?

MARILDA: Dependendo do grau do problema, nenhum país está preparado.

Nossos hospitais de referência estão preparados para receber um número pequeno de pessoas, e sei que alguns dispõem de quartos com pressão negativa.

Mas o risco de disseminação intra-hospitalar sempre existe. Se continuar como está, o sistema aguenta, mas se a demanda for maior, vai ficar mais difícil.