Título: Lula: aliança com PMDB para 2010 está próxima
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/05/2009, O País, p. 3

Mas noivo não pode se precipitar", diz presidente, que admite problemas nos estados

CAMPO GRANDE. Sintonizado com seu partido, e no rastro do descontentamento de peemedebistas com a perda de cargos no governo, o presidente Lula defendeu ontem a aliança entre PT e PMDB nas eleições de 2010, mas reconheceu as dificuldades para fechar coligações em alguns estados, citando Pernambuco. O presidente disse que os dois partidos estão ¿muito próximos¿ de consolidar uma aliança nacional, mas recomendou que é preciso agir sem precipitação.

Lula trabalha para ter o PMDB no palanque da sua candidata a presidente, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A resolução de ontem do PT é fruto dessa sua estratégia: ¿ Quando fiz aliança em 2006, disse ao PMDB que não tínhamos um compromisso eleitoral para 2010, que essas coisas teriam que ser construídas e que o tempo se encarregaria da construção desse processo. Hoje, estamos muito próximos de consolidar uma aliança nacional com o PMDB.

O presidente participou do lançamento do Trem do Pantanal, num palanque cheio de peemedebistas ¿ do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, ao senador Walter Pereira, passando pelo prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, e pelo deputado Waldemir Móka. Lula não quis avaliar a situação específica de Mato Grosso do Sul, onde o PT, liderado pelo ex-governador Zeca do PT, já se confrontou com o PMDB, mas disse que trabalha por uma aliança, respeitadas as divergências regionais.

¿ Quando digo aliança nacional, vale tanto para o PMDB quanto para o PT, mas precisamos levar em conta as divergências regionais. Nem sempre a gente vai conseguir fazer com que tudo aconteça em perfeição nos 27 estados.

Em Pernambuco é impossível imaginar uma aliança entre PT e PMDB. No Rio Grande do Sul, já é mais ou menos possível ¿ disse Lula.

Para Lula, no seu estado natal, o PT estará ao lado do PSB, do governador Eduardo Campos, contra o senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB.

¿ Há uma vontade extraordinária de construir uma aliança entre PT e PMDB, mas isso é um processo. É que nem casamento: se o noivo é precipitado e vai de forma afoita para tentar conquistar, ele pode quebrar a cara. É preciso que tenha cuidado, pois temos tempo para construir.

Mas se irritou ao ser confrontado com posições do PMDB no Congresso, como a ameaça de apoiar a CPI da Petrobras, no Senado: ¿ Cada um faça a CPI que quiser.

Não sou quem vai proibir alguém de fazer CPI. Há tanta coisa mais importante do que CPI, mas, se quiser fazer CPI, que faça CPI. De vez em quando, as pessoas têm de justificar o mandato. Essas coisas é que atrapalham o desenvolvimento do país.