Título: Satiagraha: Ministério Público denuncia Protógenes
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 09/05/2009, O País, p. 8

SÃO PAULO. O Ministério Público Federal ofereceu denúncia ontem contra o delegado da PF Protógenes Queiroz por quebra de sigilo funcional e fraude processual na condução da Operação Satiagraha. Por outro lado, o MPF considerou que não houve ilegalidade na participação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na operação. Protógenes, que está suspenso da PF, já havia sido indiciado pela própria PF por participar de campanha política em Minas.

Segundo a denúncia, Protógenes cometeu fraude ao editar o vídeo em que o professor Hugo Chicaroni e o ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz ofereceram R$1 milhão ao delegado Victor Hugo Rodrigues Alves para que o banqueiro Daniel Dantas e sua irmã, Verônica, fossem excluídos da investigação.

A oferta de suborno foi monitorada pela PF, com autorização judicial, e usada na denúncia que levou à condenação de Dantas a dez anos de reclusão por corrupção ativa. Braz e Chicaroni foram condenados a sete anos de prisão cada.

Segundo o MPF, o escrivão da PF Amadeu Ranieri confirmou ter recebido ordens de Protógenes para excluir da fita imagens em que apareciam um produtor e um cinegrafista da TV Globo. Eles filmaram o encontro, a pedido do delegado.

O MPF considerou também que Protógenes praticou crime de quebra de sigilo funcional duas vezes. A primeira ao pedir que jornalistas gravassem o encontro. A segunda ao permitir que a equipe acompanhasse a Satiagraha. Nos dois casos, o MPF ressalva que os jornalistas não cometeram crime.

A TV Globo divulgou nota: "Desde o início da cobertura da Operação Satiagraha, quando deu, em primeira mão, a deflagração da operação policial, a TV Globo tem sido citada em diversas ocasiões. O mesmo se repete agora na denúncia dos procuradores (...). Em respeito ao sigilo da fonte, princípio assegurado pela Constituição, a TV Globo sempre se viu impedida de comentar a maior parte das afirmações que têm sido feitas. A situação é a mesma hoje. Como nós dissemos desde o primeiro dia, a credibilidade do jornalismo da Globo faz com que ela tenha fontes na sociedade civil em geral e em todas as esferas do setor público".