Título: Ponte de aço cruza o país para aliviar dano no Maranhão
Autor: Ribeiro, Efrém
Fonte: O Globo, 09/05/2009, O País, p. 10

Estrutura vai substituir a de concreto que a chuva derrubou.

PORTO ALEGRE e SÃO PAULO. Uma ponte de aço de 120 toneladas cruza o país, num trajeto de 3.800 quilômetros, para tentar minimizar os transtornos e prejuízos da chuva no Maranhão. Numa operação de guerra do Exército, a ponte deixou ontem a cidade de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, e segue desmontada, em cinco carretas, para a BR-316, uma das principais ligações entre São Luís (MA) e Teresina (PI). A estrutura de aço, fabricada na Inglaterra, será instalada na cidade de Peritoró, onde a força da chuva pôs abaixo a ponte de concreto sobre o rio de mesmo nome. O município de 20 mil habitantes tem 800 desabrigados.

Sem a ponte, o Maranhão estava isolado. Ontem, graças a um desvio construído pelo Departamento Nacional de de Infraestrutura de Transportes (Dnit), começaram a trafegar veículos de passeio e caminhões leves pela rodovia. O desvio começou a ser construído assim que a água do rio baixou. A ponte principal ainda não foi reconstruída. O superintendente regional do DNIT no Maranhão, Gerardo de Freitas Fernandes, informou que a passagem dos caminhões pesados pelo desvio ainda não pode ser liberada.

São Luís sofre com falta de leite, óleo e feijão

É pela BR-316 que a maior parte dos produtos chega a São Luís. A capital maranhense já começa a sofrer racionamento de alimentos como leite, óleo, feijão e margarina. Os donos de supermercados dizem que, se a BR-316 não for reaberta em uma semana, vão faltar alimentos básicos para a população. O açúcar, afirmam, está sendo racionado nas lojas.

A chegada da ponte de aço, que pode resolver o problema, dependerá das condições encontradas no trajeto. Se não chover, nenhum veículo quebrar no caminho e o comboio não enfrentar congestionamento acima do esperado, a ponte de 60 metros de extensão deve chegar a Peritoró em cinco ou seis dias, segundo o tenente-coronel Selmo Umberto Pereira, do 3º Batalhão de Engenharia de Combate, a companhia do Exército sediada em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul.

A companhia é especialista neste tipo de operação. Numa eventual guerra, o 3º Batalhão teria funções de abrir trilhas em campo minado e purificar a água para o consumo da tropa.

Quem chega ao km 415 de ônibus é obrigado a descer e usar embarcações do Exército para chegar ao outro lado do Rio Peritoró. De lá, embarca em outro ônibus para seguir o caminho. Cerca de mil caminhoneiros não conseguiram seguir viagem e estão isolados na cidade. Eles começam a enfrentar a falta de alimento e de condições sanitárias.