Título: Consumidor é que pagaria a conta
Autor: Oliveira, Eliane; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 09/05/2009, Economia, p. 31

Se o Brasil ceder às pressões do Paraguai, será uma decisão puramente política, paga pelos consumidores de energia de todo o país, dizem especialistas. O ex-presidente da Eletrobrás e diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, disse, por exemplo, que a energia de Itaipu vendida pelo Paraguai ao Brasil não está barata. Essa energia custa US$45 o megawatt/hora (MW/h), ou seja, cerca de R$100 MWh, enquanto a energia das usinas de Jirau e Santo Antônio, do Rio Madeira, custará R$71,49 e R$78,87 o MWh, respectivamente.

- O que o Paraguai quer é impossível. A energia vendida de Itaipu não está barata e eles (o Paraguai) não têm linha de transmissão para vender a outros países. O Brasil não precisa ceder em nada. O valor da tarifa foi fixado para o Paraguai pagar a parte dele nos investimentos feitos pelo Brasil na construção da usina - disse Pinguelli.

O presidente da empresa de consultoria Andrade & Canellas, João Carlos Mello, concorda com Pinguelli e lembra que todos os investimentos na construção da usina foram feitos pelo Brasil, e hoje a dívida junto à Eletrobrás, que contraiu os empréstimos na época, é de US$19 bilhões. Os paraguaios, que não desembolsaram US$1 na obra, pagam sua parcela com a venda da energia ao Brasil:

- No tratado ficou acertado que a usina, por estar na fronteira dos dois países, seria uma um projeto binacional. E no tratado ficou acertado que o Brasil arcaria com os investimentos desde que o Paraguai vendesse suas sobras de energia apenas para o brasil.