Título: Poder alimentado por Sarney e outros presidentes
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 10/05/2009, O País, p. 8

Sob investigação, diretora de Comissões está no cargo há 15 anos

BRASÍLIA. O que mais se ouviu pelos corredores do Senado ao longo dos anos, e também nos últimos dias, é : ¿praticamente todo mundo aqui tem medo de Agaciel¿. Mas ninguém ousa dizer por quê.

Não é à toa que ele perdeu o cargo de confiança, mas continua intocável. Cresceu durante a era Sarney, mas foi alimentado ao longo dos anos por outros senadores que assumiram não só a presidência da Casa, mas a 1aSecretaria, como Renan Calheiros (PMDBAL), Edison Lobão (PMDBMA), Efraim Morais (DEM-PB), Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA).

No comando do Interlegis há quatro anos, o diretor Marcio Leão, 27 anos de Casa, nega os desvios denunciados pelo casal João Carlos e Denise Zoghbi ¿ emprego de amigos e falta de fiscalização nas verbas. A primeira etapa do convênio com o BID injetou no órgão R$ 30 milhões.

Agora começa a segunda etapa, cujo orçamento, para os próximos quatro anos, é de mais R$ 32 milhões. O Interlegis tem 165 funcionários, 65 efetivos e comissionados do Senado, e 91 terceirizados. Leão nega também a pecha de ¿Agacielboy¿: ¿ Essas denúncias são totalmente infundadas, não há mutreta nenhuma. Somos fiscalizados pela Controladoria Geral da União todo ano. E não sou um Agacielboy. Fui indicado para o cargo por mérito, pela minha dedicação ao Senado, pelo exprimeiro secretário Efraim de Morais, na gestão do Renan.

Há 4 anos, rodízio na Secretaria de Comunicação Ana Lúcia Novelli, a nova diretora da Secretaria Especial de Comunicação, um dos cargos mais disputados do Senado, assumiu o posto essa semana no lugar da jornalista Elga Mara Teixeira Lopes, que pediu exoneração e está agora lotada no gabinete da Presidência do Senado. Até o afastamento de Elga, Ana Lúcia era diretora da Secretaria de Pesquisa e Opinião, posto que as duas dirigem desde 2004, ora como titular, ora como sub.

A diretora de Comissões, Cleide Cruz, está no cargo há 15 anos. Antes, foi diretora do Expediente por dois anos. Recentemente, teve o nome da filha, Mariana, envolvido numa denúncia de favorecimento na contratação da empresa Steno do Brasil Importação e Exportação, hoje responsável pelos trabalhos de digitação informatizada nas comissões do Senado. Mariana é gerente comercial da Steno, que ganhou um dos contratos milionários do Senado. Mesmo havendo um serviço próprio, de taquigrafia com uma enorme equipe, no início de 2006 a Steno foi contratada ao custo de até R$ 2,2 milhões ao ano para registrar o trabalho nas comissões dirigidas por Cleide Cruz.

É mais um caso suspeito no Senado que o Ministério Público está investigando.