Título: Agacielboys despontam na cúpula do Senado
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 10/05/2009, O País, p. 8

Auxiliares do ex-todo poderoso diretor ganham poder na burocracia da Casa, mas provocam a desconfiança de senadores

BRASÍLIA. Após 14 anos no cargo de diretor-geral do Senado, Agaciel Maia montou uma rede de relações para garantir o sucesso de sua gestão. Integrantes desse grupo, intitulado ¿Agacielboys¿, ocupam postos que têm sido alvo recorrente de denúncias, como o Interlegis ¿ que sobrevive de um convênio milionário com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para financiar projetos de modernização e qualificação de servidores e parlamentares dos legislativos do país.

Com a queda de Agaciel e do diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi, despontam no baronato da Casa altos funcionários que já gravitavam ao redor do ex-todo poderoso diretorgeral. Entre eles seu sucessor, o até então subdiretor-geral Alexandre Gazineo ¿ típico Agacielboy. Foi seu braço direito.

A alcunha que tinha em círculos reservados, ¿fantoche de Agaciel¿, foi agora revelada pelo líder Arthur Virgilio (PSDB-AM).

Justamente por tentar mostrar independência em relação aos senadores ou afinidades com o antigo chefe, Gazineo já está na mira do 1osecretário, Heráclito Fortes (DEM-PI). Ele tentou, por exemplo, não cumprir decisões da Mesa que teriam contrariado o ex-diretor.

¿ Se estão trocando peças para manter pessoas que recebam ordens de Agaciel, vou dizer ao presidente (Sarney) que vai continuar a roubalheira ¿ protestou Virgílio, da tribuna, avisando que procuraria Gazineo: ¿ Vou lá perguntar ao dr.

Gazineo se ele é um fantoche.

Heráclito, numa discussão áspera com Gazineo, teria chamado o diretor de ¿moleque¿. Mesmo com tantas desconfianças, Gazineo é ainda vice-reitor executivo do Unilegis, outro órgão da Casa alvo de denúncias de empreguismo e nepotismo.

Outra do grupo é Cláudia Lyra, secretária-geral da Mesa, que foi a segunda do antecessor Raimundo Carreiro por mais de uma década. Com a ida de Carreiro para o Tribunal de Contas da União, foi promovida. No final de 2008, ela e Carreiro foram obrigados a demitir vários parentes empregados na Casa. Foi em dobradinha com Agaciel e com o ex-advogado geral do Senado, Alberto Cascais, que ela produziu os polêmicos pareceres e interpretações do regimento em favor de Renan Calheiros (PMDB-AL), quando ele enfrentava processo de cassação.