Título: Cercear o MP é garantir a impunidade
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 10/05/2009, O País, p. 10

Coordenador da área criminal da Procuradoria Geral da República, o goiano Wagner Gonçalves promete mais rigor e eficiência no combate ao crime organizado. Propõe que o MP troque mais informações com órgãos de controle nas investigações sobre grandes esquemas de corrupção e tráfico de drogas.

O GLOBO: Se for eleito, qual será a marca de sua gestão? WAGNER GONÇALVES: Quero uma Procuradoria Geral da República com atuação efetiva em todas as áreas. O MP precisa ter metas e planejamento estratégico. Não podemos ficar denunciando sacoleiros e deixar passar as grandes questões. Defendo que os procuradores atuem com harmonia em todas as instâncias, sem limitar a autonomia de cada um.

O MP deve ter poder para investigar? GONÇALVES: Quem disse que o MP não pode investigar? Esse questionamento é baseado numa interpretação enviesada da Constituição. Num país carente de investigação, cercear a atuação do MP é garantir a impunidade. Se os procuradores não puderem investigar, o MP só vai denunciar e a Justiça só vai julgar o que a polícia quiser. É preciso aparar as arestas entre as instituições. O procurador-geral tem que se reunir com o ministro da Justiça, com o diretor-geral da PF.

Como avalia as críticas do presidente do STF, Gilmar Mendes, a um suposto protagonismo excessivo dos procuradores? GONÇALVES: São críticas improcedentes, equivocadas e contraproducentes. Acusar o MP de fazer conluio por casos isolados que renderam manchetes nos jornais é um desrespeito à instituição. O procurador não quer punir as pessoas, quer cumprir a lei.

Quais são os principais desafios para o próximo procurador-geral? GONÇALVES: Precisamos criar a cultura de que é preciso acabar com a impunidade. O procurador-geral tem um papel muito importante nessa tarefa.