Título: Pretendo reafirmar a independência do MP
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 10/05/2009, O País, p. 10

Braço direito de Antonio Fernando de Souza há cinco anos, o subprocurador Roberto Gurgel aposta na popularidade do chefe e se apresenta como candidato da continuidade. Cearense formado no Rio, diz que é preciso rebater as críticas ao Ministério Público e preservar os instrumentos de trabalho dos procuradores.

O GLOBO: Se eleito, qual será a marca de sua gestão? ROBERTO GURGEL: Não haverá mudanças radicais. Minha linha de trabalho não será igual à dos procuradores-gerais Cláudio Fonteles e Antonio Fernando de Souza, mas preservará o espírito de valorizar a autonomia do Ministério Público. Pretendo reafirmar a independência da instituição, com o bom senso e o equilíbrio que são indispensáveis ao cargo.

O MP deve ter poder para investigar? GURGEL: Sim, evidentemente. Não se pretende substituir a polícia, mas há casos em que a investigação terá proveito melhor se for conduzida pelo MP. É importante haver colaboração entre as entidades. No conflito entre o MP e a polícia, só a criminalidade ganha.

Como avalia as críticas do presidente do STF, Gilmar Mendes, a um suposto protagonismo excessivo dos procuradores? GURGEL: O ministro Gilmar Mendes foi nosso colega, mas tem uma visão própria do MP, da qual eu discordo. Estamos no caminho certo. As críticas que o ministro faz são totalmente improcedentes. Se você fizer uma pesquisa na sociedade, verá que essas críticas estão restritas a poucos setores.

Quais são os principais desafios para o próximo procurador-geral? GURGEL: O fundamental é preservar as atribuições e os instrumentos de trabalho do Ministério Público. À medida que o trabalho se intensifica, a reação a ele também cresce, e os adversários desse MP atuante e independente vão se mobilizando para criar embaraços.

Isso faz parte do jogo político e do toqueacampainha.com.br confronto das forças sociais. (B.M.F.)