Título: Análise da FGV propõe redução de diretorias no Senado
Autor: Gois, Chico de; Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 11/05/2009, O País, p. 3

Consultores dizem haver necessidade imediata de reorganização significativa

BRASÍLIA. O plano de reestruturação de cargos do Senado elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que será apresentado amanhã à direção da Casa, trará críticas à atual estrutura inchada da instituição e proporá uma redução radical no número de diretorias ¿ ou de funcionários que ostentam esse título ¿ , que durante a chamada ¿Era Agaciel¿, iniciada em 1995, saltou de 23 para 181. Se implementada a proposta, mais da metade das vagas em secretarias e subsecretarias poderá ser extinta.

¿ Nosso diagnóstico institucional aponta para a necessidade de uma reorganização significativa nos cargos de direção do Senado, com ênfase nas áreas de apoio ¿ afirmou o coordenador do grupo de estudo, Bianor Scelza Cavalcanti, sem adiantar números.

O escândalo das diretorias foi deflagrado em março, após o então diretorgeral do Senado, Agaciel Maia, no cargo há 14 anos, ter sido destituído por omitir do seu patrimônio uma mansão avaliada em R$ 5 milhões.

Com a descoberta dos ¿diretores de fantasia¿, que recebiam altos salários para, entre outras atribuições, cuidar do check-in de senadores e seus parentes no Aeroporto Internacional de Brasília, ou organizar o serviço de transportes na garagem da Câmara, a crise se agravou.

¿ A proposta torna mais clara a hierarquia da instituição, o que implica ganhos de eficiência na atividade principal da Casa, que é o processo legislativo ¿ disse Bianor Cavalcanti.

O professor ressalta que a consultoria da FGV não é uma auditoria financeira e, portanto, não abrange os contratos de prestação de serviços, assinados pela direção do Senado.

O estudo sobre os cargos foi encomendado pela própria Casa, que emprega quase 10 mil funcionários ¿ sendo 3,4 mil concursados (ativos e inativos), 3,1 mil comissionados e cerca de 3 mil terceirizados.

¿ Existe uma preocupação natural por parte do funcionalismo do Senado, mas a análise é criteriosa e esperamos que seja implementada ¿ concluiu o especialista.