Título: Conselho tem 4 deputados processados no Supremo
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 13/05/2009, O País, p. 4

Dos 15 integrantes do colegiado, outros 5 estão envolvidos na farra das passagens.

BRASÍLIA. Telhados de vidro ou temor dos holofotes tem dificultado a escolha de um novo relator para o caso Edmar Moreira no Conselho de Ética da Câmara - o atual encarregado, Sérgio Moraes (PTB-RS), causou polêmica e deve ser destituído por defender a absolvição e declarar que "se lixa" para a opinião pública. Além dele, três titulares do colegiado respondem a processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e outros cinco foram envolvidos no escândalo da farra das passagens - alguns por levar parentes ao exterior e outros pela revenda de suas cotas aéreas.

O deputado Professor Ruy Pauletti (PSDB-RS), por exemplo, emitiu passagens para viagens de familiares e terceiros para Buenos Aires, Paris, Londres e Milão. Já Nazareno Fonteles (PT-PI) veio a público no início do escândalo para explicar que exonerou um funcionário de seu gabinete que confessou participação num esquema de revenda da cota do parlamentar - os passageiros não têm ligação aparente com o deputado. As viagens foram reveladas pelo site Congresso em Foco, que obteve a lista de bilhetes de TAM e GOL, de 2007 e 2008, que integra uma investigação do Ministério Público Federal.

Além desses dois, Solange Amaral (DEM-RJ) usou a cota parlamentar para a viagem de um sobrinho a Madri, onde ele fez um curso. Ela tem sido uma das porta-vozes pela destituição de Moraes. E, finalmente, Waldir Maranhão (PP-MA) tem passagens emitidas em nome de terceiros de São Paulo para Londres.

No STF, além de Moraes, respondem a processos os deputados Abelardo Camarinha (PSB-SP), Urzeni Rocha (PSDB-RR) e Wladimir Costa (PMDB-PA). Camarinha, que foi prefeito de Marília (SP), tem sete inquéritos e quatro ações, cujas acusações variam entre crime eleitoral ou contra o meio ambiente, sonegação e até incêndio e formação de quadrilha. Wladimir Costa é acusado de crimes contra a honra em duas ações penais. Um outro inquérito, que tramita sob sigilo, trata de acusação de apropriação do salário de um ex-funcionário de seu gabinete. O tucano Urzeni Rocha responde a quatro inquéritos por peculato, formação de quadrilha e crimes contra o meio ambiente.