Título: Luxo e consultoria
Autor: Alves, Renato
Fonte: Correio Braziliense, 27/03/2009, Cidades, p. 47

Da Finatec saíram os R$ 470 mil para decoração do apartamento funcional usado pelo ex-reitor da UnB, Timothy Mulholland. Dinheiro que deveria ser destinado à pesquisa científica, segundo o MPDFT, mas acabou usado em artigos como lixeira de R$ 1 mil, TVs de última geração e quadros. A divulgação da gastança, seguida de outros escândalos de suposto mau uso de dinheiro público, levaram Timothy a renunciar ao principal cargo de uma das mais valorizadas instituições de ensino superior público do país em abril de 2008. Mas, para o Ministério Público, a decoração do imóvel usado pelo ex-reitor representa pouco, em volume de dinheiro, se comparado aos contratos entre Finatec e o consórcio Intercorp/Camarero & Camarero.

De acordo com o MPDFT, dos R$ 50 milhões em contratos da fundação de apoio à UnB com órgãos públicos, entre 2000 e 2005, R$ 22 milhões foram destinados a pagamentos à Intercorp e à Camarero & Camarero. A Finatec representou 81% do total dos valores recebidos pelo consórcio de 2000 a 2006. O contrato de parceria entre a fundação e o consórcio tratava-se de uma relação em que a Finatec atuava como fachada para que a empresa conseguisse fechar contratos com prefeituras e órgãos públicos sem licitação, segundo denúncia do Ministério Público.

O casal Luís Antônio Lima e Flávia Maria Camarero usou a Finatec para prestar serviços considerados ilegais pelo MPDFT às prefeituras de ao amenos sete grandes capitais brasileiras então administradas pelo PT. Entre elas, São Paulo (CE), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Nova Iguaçu (RJ), Recife (PE) e Maringá (PR). No caso da capital paulista, a Finatec ainda é investigada pela Corregedoria Geral do Município de São Paulo por irregularidades ocorridas na gestão de Marta Suplicy (PT). A fundação foi contratada em 2003 para melhorar a gestão da secretaria que coordena o trabalho das 31 subprefeituras da capital paulista. Dos R$ 12,2 milhões previstos, a prefeitura teria pago R$ 9,3 milhões até 2004. Desse montante, R$ 4,49 milhões teriam ido para o caixa da Intercorp e da Camarero & Camarero. (RA)