Título: Líder do governo, Jucá reage a Jobim com ataque
Autor: Camarotti, Gerson; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/05/2009, O País, p. 8

"Trabalho muito para este governo. Se tem alguém que não agiu com seriedade, que ele aponte quem é",diz.

BRASÍLIA. O clima no PMDB piorou ontem. Um dia após o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ter ameaçado sair do governo se forem sustadas as demissões na Infraero, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), entrou em confronto direto com o companheiro de partido. Jucá chamou de truculenta a forma com que foi tratado no episódio. Embora aliados tenham tentado contê-lo, ele subiu na tribuna para responder a Jobim. Irado, em seu discurso anunciou que vai apresentar uma emenda estabelecendo que o Ministério da Defesa seja ocupado apenas por militares da ativa ou da reserva, que entendam do assunto.

Ao GLOBO, Jucá foi ainda mais contundente:

- Não aceito a forma truculenta com que fui tratado nesse episódio. Trabalho muito para este governo. Esse tipo de afirmação não procede. Que Jobim não generalize! Se tem alguém que está agindo errado, que não agiu com seriedade, que ele aponte quem é.

Para Jucá, Jobim "não deveria arrumar desculpas" para sair do governo:

- Trabalho pela profissionalização de todas as áreas do serviço público. Mas, se tem algo irregular na Infraero, Jobim tem que abrir um inquérito. Agora, Jobim não pode arrumar desculpa para sair do governo. Hoje, os cargos políticos no comando da Infraero são de Jobim. Não há uma indicação de direção feita pelo PMDB.

MP que agrada a prefeituras é aprovada

Em sua fala, Jucá disse que não pediu a Jobim ou ao presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio, a contratação de seu irmão, Oscar Jucá, ou da sua cunhada, Taciana Canavarro. Jucá disse ainda que, quando soube das demissões, avisou ao ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que essa não era a forma correta de demitir ninguém, "falando mal dos políticos".

- Não falei com o ministro Jobim pedindo a volta do meu irmão. O que registrei dentro do governo foi a falta de cortesia e de educação, a falta de civilidade que se fez ao demitir, não o meu irmão, mas qualquer pessoa que trabalhasse na Infraero da forma como fizeram - discursou Jucá, para completar:

- O ministro Jobim tem a obrigação, se tiver algo errado, de qualquer irregularidade, de vir a público e dizer quem é. Dizer que está limpando, que está faxinando, sem dizer quem está sujando ou que tipo de irregularidade ocorreu, é algo que gera muita leviandade e é injusto com quem trabalhava.

Antes do desabafo de Jucá, o ministro José Múcio almoçou na Câmara com os líderes dos partidos para tentar apagar o incêndio causado pelas demissões na Infraero e para mostrar que está firme no cargo. Disse que era um almoço com amigos, e que o problema na Infraero estava a cargo do presidente Lula.

Apesar da animosidade na base, a Câmara concluiu ontem a votação da medida provisória 457, sobre a renegociação de dívidas das prefeituras com o INSS. O PMDB não entrou em confronto com o governo, e texto tem conquistas para os prefeitos: o encontro de contas entre prefeituras e União sobre o valor dos débitos previdenciários e um prazo de carência (que poderá ser de três a oito meses) para começar a pagar os valores renegociados.