Título: Enem deverá ser obrigatório nas redes estaduais
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 15/05/2009, O País, p. 11
Proposta atingiria 1,8 milhão de alunos do último ano do ensino médio em 2010, e depende de viabilidade logística
BRASÍLIA. O Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que representa os governos estaduais, querem tornar o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) obrigatório para todos os concluintes do ensino médio nas redes estaduais, a partir de 2010. A proposta foi apresentada ontem pela presidente do Consed, Maria Auxiliadora Seabra Rezende, e agradou ao ministro Fernando Haddad.
Eles frisaram, porém, que antes é preciso verificar se há condições logísticas para que 1,8 milhão de estudantes do último ano do ensino médio façam as provas. Hoje, cerca de 70% dos concluintes já participam do Enem, em 1.600 municípios.
As redes estaduais concentram 85% das matrículas.
Até 2008, porém, o Enem era aplicado num único dia. Agora, o novo formato, em outubro, exigirá dois dias, demandando transporte e alimentação.
Talvez seja preciso até garantir hospedagem.
¿ Não podemos tornar obrigatório sem saber se o aluno terá condição de fazer a prova ¿ ponderou Maria Auxiliadora.
Por esse motivo, Haddad descartou a possibilidade de a obrigatoriedade ser adotada já este ano, enfatizando que isso só seria possível em 2010. A segunda edição do novo Enem está prevista para março ou abril do ano que vem.
Cada estado estabeleceria sua nota mínima para aprovação A ideia é que a participação no exame seja indispensável para a obtenção do certificado de conclusão do ensino médio.
A medida não valeria nas escolas privadas, salvo se os conselhos estaduais de educação aderissem.
¿ O passo é pequeno. Estaríamos saindo de 70% e alguma coisa mais (de concluintes que já fazem o Enem) para 100% ¿ disse Haddad.
Segundo o ministro, cada estado teria liberdade para estabelecer uma nota mínima no novo Enem, com fins de aprovação no ensino médio. Isso já é feito no Encceja, teste que certifica os supletivos. No caso do ensino regular, porém, Haddad argumentou que isso talvez não seja o mais indicado, já que os alunos frequentam as escolas e podem ser avaliados no local, sem a pressão de um único teste nacional.
O Ministério da Educação divulgou ontem a matriz de referência para o novo Enem: um conjunto de cinco competências gerais, 30 específicas e 120 habilidades, além dos conteúdos usados na elaboração das 200 questões. O ministro enfatizou que a novidade será a forma de perguntar, privilegiando a capacidade de raciocínio, e não os conteúdos, que reproduzem os currículos já em vigor.