Título: Não é hora de tirar dinheiro da poupança
Autor: Beck, Martha; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 15/05/2009, Economia, p. 21

CORPO A CORPO : HESSIA COSTILLA, da Pro Teste

SÃO PAULO. Na falta de detalhes sobre o projeto que definirá a cobrança de IR para a caderneta de poupança, a orientação da Pro Teste, entidade de defesa dos consumidores, é para que os investidores não mexam, por ora, na aplicação. A avaliação da coordenadoratécnica do órgão, a economista Hessia Costilla, é que as mudanças foram ruins para o consumidor.

Aguinaldo Novo

O GLOBO: Investidores têm dito que vão retirar o dinheiro da poupança. É o melhor a fazer agora? HESSIA COSTILLA: As mudanças complicaram muito a fórmula de cálculo da poupança. O que era fácil ficou complicado. E a própria equipe econômica não se entendeu durante o anúncio das medidas. O governo prometeu divulgar na segunda semana de junho mais detalhes sobre as reduções de alíquota de Imposto de Renda para os fundos de investimento. Então, até lá, nossa recomendação é para que o investidor mantenha seu dinheiro na poupança.

Como avalia o que já foi anunciado? HESSIA: Se o objetivo do governo era segurar a fuga de investidores dos fundos para a poupança, ele talvez tenha ganho um tempo adicional. Mas ele não mexeu no principal problema, que é a manutenção de uma taxa fixa de remuneração para os depósitos.

Quem perde mais: o investidor ou o mutuário? HESSIA: As mudanças foram ruins para o consumidor, entendido aí como o investidor e também como o mutuário. É preciso atualizar o sistema nacional de poupança, não somente a questão da remuneração dos depósitos, como os juros pagos pelo mutuário e os depósitos direcionados dos bancos.