Título: Resultado muito surpreendente
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 18/05/2009, O País, p. 3

Coordenador do Pisa se impressiona com notas tão fracas após 10 anos de estudo

BRASÍLIA. O coordenador-geral do Pisa na OCDE, Andreas Schleicher, considera surpreendente uma parcela significativa dos estudantes de 15 anos aprender tão pouco, apesar de frequentar a escola por quase uma década ou mais. Segundo ele, a melhoria da qualidade do ensino é o maior desafio dos países, não só do Brasil.

O último exame, em 2006, mostrou que 10,2% dos alunos de países membros da OCDE ficaram abaixo do nível 1 na prova de matemática. No Brasil, esse percentual foi de 46,6%, o pior entre as seis nações sul-americanas que participaram do teste. A Colômbia aparece em segundo nesse ranking ao contrário, com 44,6% dos alunos abaixo do nível 1.

Sob esse aspecto, o desempenho em matemática dos países da OCDE foi pior do que em leitura (8,9% dos jovens abaixo do nível 1) e ciências (6,9%).

¿ É muito surpreendente que, aos 15 anos, tamanha proporção de estudantes tenha níveis tão baixos de leitura, matemática e ciências. O grande desafio para os sistemas de ensino é diagnosticar as falhas e ajudar os alunos a melhorar ¿ diz Schleicher de Paris, de onde acompanha a aplicação do Pisa em 72 países.

Embora sublinhe que o Brasil precisa superar o abismo da falta de qualidade, o coordenador-geral do Pisa elogia o país: ¿ Se você compara os últimos cinco ou seis anos do Brasil com os de países da região, como Chile ou México, o Brasil fez claramente mais progressos do que a maioria dos países na área.

Em abril, a OCDE divulgou um estudo sobre a última edição do exame, com ênfase nos estudantes que atingiram pontuação alta. Entre os brasileiros, em leitura, 1,1% dos estudantes atingiram o nível 5, o mais alto da escala (mínimo de 625,61 pontos, na escala até 800). Em ciências, o percentual brasileiro no nível 6, o mais alto, foi irrisório, e 0,5% chegaram ao nível 5; em matemática, 0,2%.

Na Coreia do Sul, 21,7% dos alunos chegaram ao nível máximo de leitura e 9,1% alcançaram o de matemática.

Na Nova Zelândia, 4% fizeram o mesmo em ciências.

¿ Os professores nesses países conseguem dar conta das diferenças dos estudantes de modo muito construtivo: dão apoio aos mais fracos, sem deixar de incentivar as habilidades dos mais fortes. (D.W)