Título: PF investigará contratos de crédito do Senado
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 16/05/2009, O País, p. 10

Banco Central, Receita e Coaf também vão apurar irregularidades em contas e empresas de ex-diretor da Casa

BRASÍLIA. A Polícia Federal requisitou cópia de todos os contratos de crédito consignado assinados pelo Senado nos últimos cinco anos. Os documentos são um dos pontos de partida das investigações sobre supostas irregularidades do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. Ele é acusado de cobrar propina para facilitar a inclusão de bancos no disputado sistema de crédito com desconto em folha de pagamento da Casa. A PF pode reabrir ainda as investigações da Operação Mão de Obra relacionadas ao ex-diretorgeral Agaciel Maia.

A PF também pediu cópia das sindicâncias sobre o assunto e espera receber os documentos na próxima semana. A partir desses dados, o delegado Gustavo Buquer, que comanda o inquérito, deverá traçar uma estratégia.

Já está praticamente certo que chamará para depor o ex-diretor, a mulher dele, Denise Zoghbi, e os diretores dos bancos que fizeram contratos considerados suspeitos com o Senado.

Para a polícia, interrogar Zoghbi ou Denise, ex-diretora do Instituto Legislativo Brasileiro, agora não teria utilidade alguma para a investigação.

¿ O inquérito está aberto, mas eles (Denise e Zoghbi) só serão chamados depois que forem levantadas informações mais concretas sobre o caso ¿ disse ao GLOBO o superintendente da PF, Disney Rosseti.

A PF abriu inquérito a pedido do procurador da República Gustavo Velloso, numa ampla frente de investigação sobre o ex-diretor do Senado. A pedido do procurador, a Receita Federal deverá fazer uma devassa nas empresas de Zoghbi. O procurador pediu que o Banco Central informe se Zoghbi e a mulher fizeram remessas ao exterior. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) vai analisar a movimentação financeira do casal para saber se existe depósito, saque ou transferência fora de padrão.

Segundo a revista ¿Época¿, Zoghbi teria usado a ex-babá para receber comissão de R$ 2,3 milhões do banco Cruzeiro do Sul. Ele teria intermediado a assinatura de contrato de crédito consignado entre o Senado e o banco. Outros bancos também entraram no sistema de crédito por intermédio do ex-diretor.