Título: Dados dos EUA fazem Bovespa saltar 5%
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 19/05/2009, Economia, p. 15

Dólar é cotado a R$ 2,07. Com expectativa de melhora na economia, NY tem alta de 2,9%.

LONDRES, NOVA YORK, RIO e BRASÍLIA. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu com força, 5,01%, acompanhando a melhora externa, e voltou aos 51.463 pontos. Segundo analistas, a alta foi puxada por investidores externos, dada a forte atuação de corretoras de bancos estrangeiros.

O vencimento de opções (contratos em que se negocia o direito de comprar ou vender uma ação) também ajudou a impulsionar a alta. Com isso, as ações da Petrobras subiram 4,5%, e as da Vale, 6,29%.

Juntos, os papéis das empresas têm peso de cerca de 36% na Bolsa. No mercado de câmbio, o real se valorizou quase 1% frente ao dólar, e a moeda americana fechou a R$ 2,07.

Em Wall Street, após uma abertura em queda, os papéis se recuperaram tão logo a Lowe¿s, segunda maior cadeia de varejo dos EUA, informou que seu lucro no primeiro trimestre caiu menos do que o esperado. O índice Dow Jones subiu 235,44 pontos, ou 2,9%, para 8.504,08 pontos. É a maior alta em pontos desde 9 de abril. O índice Standard & Poor¿s 500, por sua vez, cresceu 3%, para 909,71 pontos, ao passo que o Nasdaq ganhou 3,1%, chegando a 1.732,36 pontos. Na Europa, o índice FTSE 100, das empresas mais capitalizadas da Grã-Bretanha, fechou com alta de 2,3%. O DAX, de Frankfurt, somou 2,4%; mesmo percentual de alta do parisiense CAC 40.

As ações latino-americanas acompanharam o passo de Nova York, animadas com os sinais de uma melhora na economia dos EUA, o que poderá impulsionar o crédito e a demanda por produtos da região.

Focus: mercado prevê Selic a 9% no fim do ano No México, o Índice de Preços e Cotizações avançou 2,5%, para 23.935 pontos, diante das expectativas dos investidores de uma melhora nos EUA. Já o índice Merval, de Buenos Aires, ganhou 6,3%; e o IPSA, da bolsa de Santiago do Chile, 3,1%.

No mercado de energia, os preços do petróleo subiram ontem quase 5%, para o maior patamar em seis meses, à medida que a violência política recrudesceu na Nigéria, maior exportador africano, e um incêndio atingiu uma refinaria da Sunoco, na Costa Leste dos EUA, alimentando temores quanto a um desabastecimento.

Na Bolsa Mercantil de Nova York, o preço do barril do petróleo tipo leve americano para entrega em junho subiu 4,8%, para US$ 59,03. Já na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, a cotação do Brent para entrega em julho avançou 4,4%, para US$ 58,47 o barril.

¿ O preço do petróleo subiu pela crise na Nigéria, depois que militantes ameaçaram explodir os oleodutos na região do delta do Rio Niger ¿ avaliou Addison Armstrong, analista da Tradition Energy.

As sinalizações do Banco Central (BC) nas últimas semanas e a proposta de taxação da poupança foram entendidas pelo mercado, que reduziu, após sete semanas, a projeção para o comportamento dos juros básicos da economia. De acordo com a média dos analistas, a previsão para a Taxa Selic ao fim de 2009 caiu de 9,25% para 9% ao ano.

Tanto a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ¿ que cortou em um ponto percentual a taxa, para 10,25% ao ano ¿ quanto as mais recentes declarações do presidente do BC, Henrique Meirelles, deixaram claro que a queda nos juros básicos da economia ainda não havia sido corretamente incorporada nas projeções dos economistas. Para 2010, no entanto, ainda prevalece a expectativa de uma taxa de 9,5%.

¿ Todas as sinalizações indicam que o BC vislumbra um tempo maior com taxas de juros mais baixas. É provável que se estabilize nesse patamar de 9%, independentemente das mudanças na poupança, que ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso ¿ disse o economistachefe da corretora Concórdia, Elson Teles, que aposta em cortes de 0,75 e 0,5 ponto nas próximas duas reuniões do Copom.

Na pesquisa, a taxa de câmbio para o fim do ano foi revista de R$ 2,20 para R$ 2,12. (Felipe Frisch e Eduardo Rodrigues, com agências internacionais)