Título: Oposição ameaça com investigação paralela
Autor: Vasconcelos, Adriana; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 20/05/2009, O País, p. 3

PSDB e DEM reclamam da "estratégia de esmagamento" do governo e querem presidência

BRASÍLIA. A oposição resolveu reagir à estratégia do governo de colocar uma tropa de choque para controlar a CPI da Petrobras. Nos bastidores, o recado dos tucanos é de que se o governo insistir nessa "estratégia de esmagamento", sem permitir à oposição ocupar a presidência da CPI, a determinação será de fazer um trabalho paralelo de investigação, inclusive com a apresentação de um relatório alternativo.

O Planalto já foi alertado de que a oposição estaria disposta a encaminhar ao Ministério Público o resultado dessa investigação paralela. Com isso, tentaria constranger o governo com a ameaça de fazer um estrago bem maior, caso seja excluída do comando da CPI. O objetivo de PSDB e DEM é forçar o governo a fazer um acordo para pôr na presidência da comissão de inquérito o senador Antonio Carlos Magalhães Junior (DEM-BA).

- Essa postura de tentar controlar tudo com tropa de choque vai levar à radicalização. Acho que isso não interessa a ninguém. O governo está numa postura de esmagamento - advertiu o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Para o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), é melhor que a base governista faça um acordo:

- Apresentamos o nome do senador Antonio Carlos Magalhães Junior, pelo seu perfil técnico e conciliador, para presidir a CPI. Um acordo nesse sentido vai permitir que a comissão seja instalada sem a corda esticada. O governo é que vai escolher se terá uma CPI moderada ou em clima de beligerância.

Para o governo, o maior problema na indicação de ACM Júnior é a disputa regional com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, que, segundo petistas, deseja concorrer ao Senado em 2010. Um dos focos da CPI é a investigação de patrocínio da Petrobras com finalidade política para festas de São João no interior baiano.

Ontem, a oposição conseguiu se entender. Havia uma reação da bancada do DEM, que preferia ter esperado o depoimento de Gabrielli no Senado, para só depois decidir sobre a instalação da CPI. Mas os democratas foram atropelados pelos tucanos semana passada, quando estes forçaram a instalação da CPI. A divisão das vagas na CPI foi um sinal de que os dois partidos devem trabalhar afinados.