Título: Ministra continua internada em SP
Autor: Camarotti, Gerson; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 20/05/2009, O País, p. 10

Miopatia, com fortes dores na perna, foi efeito colateral da quimioterapia.

SÃO PAULO. A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está internada desde a madrugada de ontem no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com um quadro de miopatia, doença que atinge os músculos. Segundo os médicos que atendem a ministra, a doença é um dos efeitos colaterais do tratamento contra o câncer. Dilma deve receber alta hoje. Ela fez a segunda sessão de quimioterapia contra o câncer linfático (linfoma) na quinta-feira passada. Além da medicação quimioterápica, os médicos fazem um "tratamento de suporte" com corticoides. A miopatia é um dos efeitos colaterais do uso desses medicamentos.

Dilma começou a sentir dores fortes nas pernas desde cedo, na segunda-feira, em Brasília. Foi medicada, mas as dores não cederam. À noite, decidiu voltar a São Paulo para consulta com seus médicos, o cardiologista Roberto Kalil e os oncologistas Paulo Hoff e Yana Novis. Dilma saiu de Brasília num jato ambulância e chegou ao hospital por volta das 3h da madrugada de ontem. Após fazer uma ressonância magnética, os médicos confirmaram que as dores eram um efeito adverso dos remédios. Segundo os especialistas, a miopatia é comum em pacientes que fazem tratamento contra o câncer.

Durante todo o dia, a ministra tomou analgésicos, mas não foi internada na UTI. Os médicos avaliaram que seria melhor Dilma ficar no hospital, porque não mora em São Paulo e, liberada, ia querer voltar a Brasília. Eles a aconselharam a ficar na cidade e descansar.

Dilma divulgou que está com câncer linfático em abril passado, quando retirou um linfoma de 2,5 cm da axila para exame. De acordo com os médicos, o linfoma é do tipo "agressivo localizado". A doença tem, segundo os médicos, chance de cura em mais de 90% dos casos.

Diferentemente de outros tipos de câncer, o linfoma é inoperável. O único tratamento é o feito com remédios como a quimioterapia associada a corticoides. Dilma usa também uma droga que atinge diretamente as células de câncer. A ministra deve continuar o tratamento de ciclos de quimioterapia, feito a cada mês. O tratamento prevê seis sessões, e a ministra fez a segunda. A previsão de seus médicos é que as próximas causem menos dor à paciente, isso porque a cada efeito colateral a equipe prepara paliativos para que o tratamento não seja tão agressivo.

O Hospital Sírio-Libanês divulgou apenas dois boletins ontem, um durante a madrugada, informando sobre a internação e os exames, e outro, no fim da manhã, confirmando o caso de miopatia.