Título: Brasil sobe para 40º em ranking de competitividade
Autor: Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 20/05/2009, Economia, p. 25

Performance econômica e infraestrutura melhoram. País aparece em 20º em lista que mede resistência à crise

O Brasil avançou três posições no ranking de países mais competitivos do mundo e tem apresentado desempenho favorável em meio à crise internacional. As conclusões são do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Gerencial (IMD, na sigla em inglês), que divulgou ontem seu tradicional ranking de competitividade. Apesar das melhoras, o Brasil ainda está em 40º lugar entre as 57 economias avaliadas. Em 2008, a posição era 43ª.

Por conta da crise, este ano o IMD criou um "teste de estresse", a partir de indicadores que mostram quais países resistiram melhor às turbulências. O Brasil ficou em 20º lugar, à frente de EUA (28º), Alemanha (24º) e Japão (26º); porém atrás de outros grandes emergentes como Índia (13º) e China (18º), num ranking liderado pela Dinamarca.

- O Brasil é menos dependente de financiamento externo, porque tem um sistema bancário sólido. E, ainda, conta com um mercado doméstico forte. Em linhas gerais, os países que se saíram melhor na crise são os que têm economia diversificada, indústria com valor agregado e um maior peso dos serviços na economia - avalia Suzanne Rosselet-McCauley, diretora do IMD World Competitiveness Center e co-autora do ranking.

A crise também foi determinante no sobe e desce de posições do ranking geral de competitividade do IMD.

- Com a economia de vários países em queda livre, o ranking deste ano diz respeito não a quem aprimorou sua competitividade, mas sim a quem está resistindo melhor à crise - resume Suzanne.

Direção está correta, mas é preciso mais rapidez

No caso brasileiro, houve uma percepção entre o empresariado de que o governo agiu para conter a crise, afirma Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, instituição que é parceira do IMD no Brasil para a elaboração do ranking. A pesquisa leva em conta, além de estatísticas econômicas referentes a 2008 (com peso de 66% no ranking), dados qualitativos sobre a percepção dos empresários que, este ano, foram coletados entre janeiro e março.

- A comunidade empresarial avaliou que o governo tem capacidade de resposta em momentos de crise, e isso é reflexo de ações como a redução do IPI e a injeção de recursos na economia - diz Arruda.

O Brasil subiu no ranking graças principalmente aos quesitos "performance econômica" - fruto de dois anos de crescimento acima de 5% - e "infraestrutura". Neste último critério, os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) influenciaram.

- O PAC não chega a fazer grandes mudanças, mas está tirando o atraso. A direção é correta, mas talvez a sociedade precisasse de mais rapidez (na liberação de recursos para infraestrutura) - diz Arruda.