Título: Não quer dizer que ela está curada
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 21/05/2009, O País, p. 4

Mesmo com 90% de chance de cura, a ministra Dilma Rousseff não está curada, como disse o presidente Lula. A afirmação é da onco-hematologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e coordenadora do grupo de linfomas e mielomas da Clínica Oncologistas Associados Adriana Scheliga.

Flávio Freire

É possível falar em cura em relação à doença da ministra Dilma?

ADRIANA SCHELIGA: Com um diagnóstico como o dela, de linfoma difuso de grandes células, o tratamento não é cirúrgico. Por mais que a pessoa tenha diagnóstico de doença inicial, como ela, não quer dizer que está curada. O linfoma não é localizado, como um tumor de mama inicial. Nesse caso, é possível fazer cirurgia e, eventualmente, dizer que a paciente está curada, provavelmente só com procedimento cirúrgico. Com o linfoma não é assim.

Daí a importância da quimioterapia?

SCHELIGA: No linfoma de alto grau, o tratamento é sempre como o da ministra, com quimioterapia. Dizer que ela operou, tirou um gânglio e que vai fazer tratamento preventivo para a doença não voltar não é verdadeiro, porque não é essa a conduta. A conduta é fazer um tratamento com intenção curativa, mas todos os pacientes fazem quimioterapia. O tratamento tem que ser sempre com quimioterapia. Mais de 90% desses pacientes com doenças como a dela, inicial, ficam curados com o tratamento quimioterápico. Mas a idéia de que ela tem uma doença tratada e curada com cirurgia não está correta.