Título: Guerra entre PT e PSDB para votação no Senado
Autor: Vasconcelos, Adriana; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 21/05/2009, O País, p. 5

Tucanos se irritam com divulgação de panfleto de centrais sindicais que os acusa de querer desestabilizar a Petrobras

BRASÍLIA. Um dia depois de se queixar que o PT está fazendo terrorismo, o PSDB obstruiu ontem a votação de medidas provisórias no Senado. O motivo foi a divulgação de panfletos produzidos por centrais sindicais que acusam os tucanos de tentar desestabilizar a Petrobras com a intenção de privatizá-la. Irritado, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), mostrou o panfleto e avisou que o partido pretende obstruir as votações até que o PT se retrate.

Virgílio insinuou que o material pode ter sido custeado com recursos da própria Petrobras ou do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

- Estou aqui com um panfleto ridículo, no qual centrais sindicais dizem que parar a Petrobras é parar o Brasil. Espero que ele não tenha sido feito com dinheiro da Petrobras ou do FAT. O que essa gente não quer é que o PSDB pegue os ladrões pela gola - disse o tucano.

A obstrução dos tucanos acabou dando certo. A votação da MP do Fundo Soberano foi adiada para a próxima semana. Mas, no Palácio do Planalto, a orientação do governo é a de continuar falando sobre possíveis riscos da CPI para os negócios da Petrobras. O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, após reunião com ministros e líderes do PT, voltou a cobrar responsabilidade da oposição:

- É preciso chamar atenção para os prejuízos que uma CPI traz para a empresa e o país, especialmente na crise. A gente acha muito estranho que as forças que venderam 30% das ações da Petrobras e quiseram mudar seu nome venham agora, de maneira irresponsável, quando a empresa está crescendo no governo, atacar a Petrobras.

- Quando pegarmos o primeiro ladrão na Petrobras, esse discurso cai por terra - reagiu o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

PSDB e DEM não chegaram a consenso sobre quem defender para a presidência da CPI, se o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA) ou Álvaro Dias (PSDB-PR). Na base governista não houve acordo, e as indicações só deverão ser definidas terça-feira. A expectativa é que o presidente Lula, que chega ao Brasil sábado, ajude a apaziguar o confronto na base.