Título: PSDB apresenta provas de doação legal a Yeda
Autor: Souza, Carlos Alberto
Fonte: O Globo, 22/05/2009, O País, p. 8

Documento entregue ao TRE-RS em 2007 registra os R$200 mil que oposição denunciava como caixa dois

PORTO ALEGRE. O PSDB gaúcho apresentou ontem cópias de documentos de doações recebidas em 2006 e da sua movimentação financeira para provar que declarou R$200 mil repassados naquele ano pela empresa de tabaco Alliance One. A suspeita de que essa quantia foi parar no caixa dois surgiu após a divulgação, pela revista "Veja", do recibo do partido, confirmando o recebimento da doação, não declarada na prestação de contas da campanha da governadora Yeda Crusius.

Na entrevista - que teve a presença do presidente interino do partido à época da eleição de 2006, Bercílio da Silva, do tesoureiro da campanha de Yeda, Rubens Bordini, do deputado federal Claudio Diaz e do advogado Enoc Guimarães -, os tucanos mostraram, entre outros documentos, um demonstrativo de doações recebidas, no qual a Alliance One consta como tendo doado R$200 mil, em 27 de novembro de 2006. O demonstrativo tem inclusive o CNPJ da empresa. Essa é uma entre dezenas de doações que aparecem no demonstrativo, que estampa, no alto da página, um número de controle do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), indicando que o documento foi entregue à Justiça Eleitoral, em 9 de maio de 2007.

Dois deputados do DEM assinam pedido de CPI

Enquanto o PSDB divulgava esses documentos, dois deputados do DEM, partido aliado dos tucanos na eleição de 2006, assinavam requerimento para a instalação de CPI na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para investigar as denúncias contra Yeda. A adesão dos democratas elevou para 17 as assinaturas a favor da investigação. Faltam apenas duas para que a CPI seja instalada na Casa.

O TRE ainda não julgou as contas do PSDB do exercício de 2006. O parecer da Procuradoria Regional Eleitoral, de 31 de março passado, é pela desaprovação, mas não por razões ligadas à suspeita de caixa dois. Segundo o procurador Vitor Hugo Gomes da Cunha, "embora algumas das incongruências constatadas não comprometam, por si só, a regularidade das contas, por se consubstanciarem em irregularidades formais, há na prestação falhas relativas à contabilização de gastos com recursos oriundos do Fundo Partidário que comprometem a confiabilidade e consistência das contas". Os dirigentes tucanos que estavam na entrevista de ontem disseram desconhecer esse parecer.

Terceiro deputado do DEM não deve apoiar requerimento

Paulo Borges e Marquinho Lang são os deputados do DEM que assinaram ontem o requerimento para instalação de CPI, para investigar as supostas irregularidades de que Yeda é acusada pela oposição. Borges afirmou que antecipou a assinatura em razão da posição do PSDB de cogitar pedir o impeachment do vice-governador, Paulo Feijó (DEM), que está rompido com Yeda.

Marquinho disse que é necessário esclarecer as denúncias e trazer a público documentos e provas. O terceiro integrante da bancada do DEM, José Sperotto, não deve assinar o requerimento.

(*) Especial para O GLOBO