Título: O câncer é uma doença tratável, mas chatérrima, diz Dilma na volta ao trabalho
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 23/05/2009, O País, p. 3

Sorridente, ela afirma que reduzirá o ritmo após a quimioterapia.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Quatro dias após ter sido hospitalizada às pressas, por causa de dores nas pernas, uma reação provocada pela quimioterapia, a ministra Dilma Rousseff voltou ao trabalho ontem. De manhã, reuniu-se com o ministro Guido Mantega (Fazenda) no escritório paulistano da Petrobras. No início da tarde, em Brasília, mostrou bom humor numa entrevista de 15 minutos. Afirmou que o câncer é uma "doença chatérrima" e evitou falar de eleições, mas disse que há "muita espuma" em torno do impacto político da doença.

- Há muita espuma nessa história. É uma doença tratável, mas chatérrima. Boa não é. É tratável, não é uma sentença.

Dilma chegou às 14h45m ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde está instalada a Presidência. Ficou até as 17h50m. Na chegada, ao ver jornalistas, acenou sorridente e se aproximou. Disse que não reduzirá o ritmo das viagens, mas que entre o sexto e o 12º dia após as sessões de quimioterapia terá de se resguardar:

- Não por conta do cansaço ou qualquer outra característica. É porque diminui a minha resistência. Nesse período, vou evitar contato com multidão, mas ele é muito pequeno. São seis dias, no meu caso.

Ao responder sobre um "plano B" do PT para a sucessão presidencial, Dilma disse que o tratamento vai até o final de agosto ou início de setembro e que, até lá, "vai acontecer de tudo":

- Vocês ainda acham que falo disso sem estar amarrada? Nem amarrada! - disse, gargalhando.

Para Dilma, o tratamento não vai impedi-la de trabalhar. Sem citar nomes, lembrou que uma apresentadora de TV (Ana Maria Braga, da TV Globo) continuou no ar, apesar do tratamento. Ela conversou com a apresentadora, em São Paulo.

- Eu podia estar deitada numa praia, tomando água de coco, e teria a mesma coisa (dores). É química. Se eu tomar cortisona, sou que nem criança: tem que desmamar - disse Dilma.