Título: PF faz busca na sede do PMDB do Ceará
Autor: Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 23/05/2009, O País, p. 8
Agentes procuram, sem achar, material de campanha ao Senado do ex-ministro Eunício Oliveira. Direção do partido protesta
FORTALEZA. Um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal na sede regional do PMDB, em Fortaleza, pode pôr mais lenha na fogueira na relação entre o partido e o Palácio do Planalto, estremecida nas últimas semanas. A operação foi determinada pelo juiz Haroldo Máximo, do Tribunal Regional Eleitoral, a pedido do Ministério Público Eleitoral.
O objetivo era apreender material que comprovaria propaganda eleitoral antecipada por parte do deputado federal Eunício Oliveira (CE), presidente licenciado do partido e pré-candidato a senador em 2010.
A PF procurava por camisetas, banners e bonés que conteriam a inscrição "A união é nossa Fortaleza". O material seria utilizado na divulgação da pré-candidatura de Eunício. Pela legislação eleitoral, a propaganda antecipada é ilegal. À tarde, o Ministério Público divulgou que nada foi encontrado no local.
Ex-ministro das Comunicações e ex-líder do PMDB na Câmara, Eunício classificou a operação de "agressão desnecessária ao maior partido do Brasil". E recebeu manifestações de apoio de outros líderes. Um dos telefonemas foi o do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), que também preside o partido.
PMDB diz que operação da PF "criminaliza política"
Em nota de repúdio, a direção nacional do PMDB classificou a ação como descabida e alertou para a tentativa de "criminalizar a política no país".
Eunício disse não saber o que motivou a operação e preferiu não comentar se haveria ligação com as recentes divergências entre PMDB e PT, que vêm ganhando corpo desde a demissão de apadrinhados do partido na Infraero. Eunício propõe que o PMDB não pode ficar de fora da chapa majoritária na disputa presidencial, sob pena de se desmoralizar.
Eunício chamou a operação da PF de absurda. Segundo ele, o pedido do Ministério Público foi fundamentado num encontro fechado do qual participou sexta-feira passada com um grupo de 21 vereadores de Fortaleza. Numa foto divulgada na imprensa, com exceção de Eunício, todos usavam camisetas com a inscrição "A união é nossa Fortaleza" e manifestaram apoio a pré-candidatura dele ao Senado.
- A reunião não foi no PMDB, a camiseta não citava o PMDB e os vereadores não eram do PMDB. Que país é este onde não se tem o direito à manifestação privada numa sala sem que se cometa um ato ilegal? Não há indício de que o material tenha sido feito pelo PMDB. Foi uma agressão desnecessária ao maior partido do Brasil - disse.
Para Eunício, o ato não teve precedentes nem no período da ditadura militar.
- Isso me choca porque vivi outro momento do país na ditadura militar e estou vivenciando isso em plena democracia.
Ministério Público pede que investigação continue
Eunício sugeriu que se investigue por que só a TV Jangadeiro, afiliada do SBT, de propriedade do senador tucano Tasso Jereissati (PSDB), acompanhou a operação. Tasso deverá ser adversário de Eunício na disputa por uma das duas vagas ao Senado.
Apesar de nada ter sido encontrado, o Ministério Público pretende pedir à PF que prossiga com as investigações. No despacho, o juiz aceitou pedido do Ministério Público Eleitoral para que Eunício se abstenha de divulgar prematuramente sua candidatura, bem como seja proibida a distribuição de qualquer brinde nesse sentido. Caso não seja cumprida a decisão, a multa diária será de 20 mil Ufirs.