Título: Rede pública é minoria no ensino profissional
Autor: Berta, Ruben
Fonte: O Globo, 23/05/2009, O País, p. 12

RETRATOS DO BRASIL:Entre a população economicamente ativa, 72,4% nunca fizeram curso profissionalizante

ONGs, sindicatos e instituições particulares atendem a 53% dos que buscam qualificação; Sistema S tem 20%

O recorte da Pnad divulgado ontem pelo IBGE mostra que os governos têm contribuído pouco para a qualificação do trabalhador brasileiro. Segundo o levantamento, apenas 22,4% dos alunos de educação profissional estavam matriculados em escolas públicas em 2007. Instituições consideradas na amostra de ensino particular - como ONGs, escolas privadas e sindicatos - ficaram com 53,1%. Já as vinculadas ao Sistema S - como Sesi, Senac e Sebrae, que também recebem verbas públicas - eram responsáveis por 20,6% desses estudantes.

Da população economicamente ativa, 72,4% afirmaram nunca ter frequentado uma sala de aula dessa modalidade de ensino, que engloba os cursos voltados para a formação e aperfeiçoamento de trabalhadores. Em números absolutos, havia, em 2007, 71,5 milhões de pessoas nessa condição. Entre os desempregados, havia 5,3 milhões de pessoas que nunca passaram por um curso de educação profissional (66,4%).

Entre os que nunca fizeram um curso da modalidade, a falta de interesse foi o principal motivo: 68,8%. Na segunda e na terceira posições, no entanto, aparecem dados que reforçam a importância da expansão de vagas pelo poder público: 14,1% disseram não ter frequentado porque não podiam pagar e 8,9% apontaram a falta de uma escola na sua região.

Entre os que frequentavam os cursos, a grande maioria estava matriculada no segmento de qualificação profissional (80,9%) - cursos livres de duração variável e, em muitos casos, sem exigência de escolarização prévia. Outros 17,6% estavam em técnicos de nível médio. Apenas 1,5% estavam em cursos de graduação tecnológica, que têm equivalência de nível superior.