Título: Dirigente do MEC diz que culpa é do governo FH
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 23/05/2009, O País, p. 13

RETRATOS DO BRASIl: Governo pretende entregar 214 escolas técnicas até o fim de 2010 para suprir deficiência

Secretário do ministério admite que governo oferece poucos cursos, mas responsabiliza lei aprovada há 11 anos e já revogada

BRASÍLIA. O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Eliezer Pacheco, disse que a baixa participação do setor público na oferta de ensino profissionalizante reflete o descaso de governos anteriores, especialmente o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eliezer lembra que o Congresso aprovou lei em 1998, ainda no primeiro mandato de Fernando Henrique, proibindo a União de criar e manter novas escolas técnicas federais.

A restrição foi derrubada no governo Lula, que pretende entrar para a História como o presidente que criou o maior número de escolas técnicas no país. Até o fim do ano que vem, o MEC promete entregar 214 unidades, das quais 75 estão prontas e o restante, em obras. Quando o presidente tomou posse, em 2003, havia 140 estabelecimentos, segundo o MEC.

- Os governos anteriores pouco valorizaram a educação profissional. Sempre houve um grande preconceito, temos uma tradição bacharelesca muito forte. O governo Lula eliminou aquela lei insensata que impedia a expansão da rede federal, o que nos levou a perder praticamente dois anos até que alterássemos a legislação, em 2005. Temos um programa de expansão muito ambicioso - diz Eliezer.

O investimento na expansão da rede federal alcançará R$1,1 bilhão, no período 2005-2010, segundo o secretário. Hoje, 215 mil estudantes frequentam cursos técnicos de nível médio e superior tecnológicos. No fim de 2010, deverão ser 500 mil.

Crise econômica diminuiu demanda por mão de obra

As primeiras escolas técnicas foram inauguradas no país em 1909. Para comemorar o centenário, o governo quer concluir cem unidades este ano, das quais 12 foram lançadas. Nem todas são novas, já que o programa prevê a reforma e ampliação de escolas já existentes.

- O poder público tem que e vai aumentar sua participação na oferta da educação profissional - diz Eliezer.

Ele disse que o gargalo da falta de mão de obra qualificada ficou evidente com o aquecimento da economia, antes da crise financeira mundial. O fim da onda de crescimento, após o estouro da crise em setembro de 2008, suavizou o problema. Mas, segundo Eliezer, o país precisa investir no setor profissionalizante para retomar o crescimento econômico e criar oportunidades para a juventude.

Em outra frente, o MEC reservou R$900 milhões para o programa Brasil Profissionalizado, em parceria com estados; 18 governos estaduais já fecharam a parceria, no valor de R$500 milhões. Em contrapartida, os estados devem aumentar a matrícula de alunos. Novos convênios serão assinados este ano.