Título: Para tucanos, governo teme fatos novos
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 24/05/2009, O País, p. 8

Mercadante: "Tem doação de fornecedores para outros partidos"

BRASÍLIA. Os tucanos advertem que o medo do governo não é em relação aos fatos determinados da CPI da Petrobras. Mas sobre fatos novos que possam surgir nas investigações. A cúpula tucana está convencida que o governo tem usado politicamente a Petrobras para fins eleitorais, como no caso do patrocínio de festas juninas na Bahia.

Já o governo teme uma avalanche de denúncias que tenha origem nos próprios fornecedores, que podem aproveitar a CPI para dar publicidade à guerra existente nos bastidores por causa dos contratos milionários da estatal. O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), adverte que a Petrobras tem 50 mil contratos com fornecedores e um desembolso de US$ 28,6 bilhões previsto no plano de negócios deste ano. Acrescenta que a empresa representa 12% do PIB brasileiro. Por isso, alerta para o uso político da CPI.

¿ Preocupa-me muito quando partidos de oposição mostramse preocupados em saber como vai ser feito o financiamento de campanha, e tentar associar isso com a Petrobras.

Se tem doação de fornecedores da Petrobras para o PT, também existe para outros partidos ¿ rebate Mercadante.

Entre os ameaçados, Agripino e Delcídio Mas nos corredores do Congresso, há uma ação para tentar intimidar os parlamentares de oposição. Até o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), tornou-se alvo. No governo, é citado com frequência que o filho do senador, o deputado Felipe Maia (DEM-RN), tem uma concessão de um posto da Petrobras no Aeroporto de Natal.

¿ Essa concessão vai até agosto de 2011. Por isso, o poder de pressão é zero. E o que isso tem a ver com a CPI? Desafio o Lula, desafio o Gabrielli! Essa perseguição não é algo novo.

É uma tentativa de intimidar.

Sou um alvo ¿ reagiu Agripino, frisando que a doação da Camargo Corrêa ao DEM foi legal.

Nesse tiroteio, até o grupo político do deputado José Mendonça (DEM-PE) e do ex-governador Mendonça Filho (DEMPE) entrou no foco. No Congresso, foi levantado um patrocínio da Petrobras para a festa ¿Jardim cultural¿, em 2001, na cidade de Belo Jardim, no agreste pernambucano, administrada há décadas pelo grupo político do deputado do DEM. O PT tenta fazer um paralelo com o atual patrocínio da estatal para festas juninas em cidades baianas.

¿ Eles estão ameaçando, mas isso não afeta em nada. Essa é uma festa tradicional na cidade ¿ reagiu José Mendonça.

No lado petista, também começaram as alfinetadas. Na bancada de senadores, o primeiro alvo foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), com a divulgação de que recebeu doações de fornecedores da Petrobras, entre elas da UTC Engenharia. Delcídio alerta para a temporada de guerrilha no Senado e diz que recebeu doações legais.