Título: Pressão e adiamento
Autor: Braga, Isabel; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 26/05/2009, O País, p. 4

Aposentados ocupam plenário da Câmara, mas decisão sobre aumento fica para julho

BRASÍLIA. Para pressionar os parlamentares a votarem projetos de interesse da categoria, cerca de 800 aposentados e pensionistas ocuparam ontem o plenário da Câmara e conseguiram até derrubar a sessão plenária de debates.

Mas só conquistaram a promessa de inclusão na pauta de votações da Câmara, em junho, do projeto que estende, em definitivo, o mesmo reajuste do salário mínimo a todos os aposentados do INSS ¿ proposta que o governo não aceita por causa do forte impacto financeiro.

No caso do veto presidencial à emenda que estendia a todos os aposentados o reajuste de 16,67% dado em 2006 ao salário mínimo, o acordo feito ontem mudou o prazo que fora anunciado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) semana passada. No dia 13, quando o governo tirou o veto da pauta da sessão do Congresso, Paim, para acalmar os aposentados, disse que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), prometera colocálo em votação hoje. Na negociação de ontem, a votação passou para 8 de julho.

¿ O presidente Sarney se comprometeu a colocar o veto de 2006 em votação no dia 8 de julho. É o acordo possível.

Não há clima para votar. É melhor deixar para 8 de julho, porque o veto vai funcionar como uma guilhotina para negociar o projeto que estende a política do mínimo a todos os aposentados ¿ justificou Paulo Paim.

Os manifestantes saíram de vários estados, a maioria de ônibus, para participar de sessão solene em homenagem ao Dia do Aposentado. A sessão terminou por volta de 13h30m, mas eles permaneceram sentados. Muitos levaram quentinhas e comeram ali mesmo. Outros tocaram violão. O deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) pediu que eles deixassem o plenário, sem sucesso.

A sessão ordinária acabou caindo, porque não havia o quorum mínimo de 51 deputados na Casa. Os manifestantes avisaram que fariam uma vigília para pressionar pela votação do veto. No fim da tarde, com o acordo, muitos foram embora, mas alguns ficaram nas galerias, onde pretendiam dormir, antes de voltar aos estados.