Título: Poupança: governo não tem pressa de cobrar IR
Autor: Frisch, Felipe; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 28/05/2009, Economia, p. 23

"Não faz sentido assumir todo o ônus agora. O debate é da sociedade", diz técnico

BRASÍLIA. Diante do desgaste político que a cobrança do Imposto de Renda (IR) sobre os ganhos da caderneta de poupança pode gerar, o governo avalia que não há pressa para enviar a proposta ao Congresso. O projeto que institui IR sobre depósitos acima de R$50 mil ainda está sendo elaborado no Ministério da Fazenda. Segundo técnicos da equipe econômica, o texto precisa se tornar o mais palatável possível para os parlamentares.

Além disso, o clima no Congresso com a CPI da Petrobras não é favorável a negociação de assuntos de interesse do governo. E ainda não houve migração de recursos de fundos de investimento para a poupança, como teme a equipe econômica caso a Taxa Selic, hoje em 10,25% ao ano, continue caindo. Ao contrário, disse um técnico, há uma pequena saída da poupança, devido aos ruídos recentes sobre a mudança:

- Não faz sentido o governo assumir todo o ônus agora. Esse debate é da sociedade.

Segundo essa fonte, se a proposta não for aprovada no segundo semestre, o ônus ficará com os parlamentares. Além disso, o governo tem, como carta na manga, a possibilidade de baixar o IR sobre as aplicações em fundos de investimento. A ideia inicial era reduzir o IR dos fundos este ano, enquanto a proposta da poupança não está em vigor. Mas os técnicos já trabalham com a possibilidade de adotar a medida também para 2010.